EUA atiram contra barco no golfo Pérsico

O raro disparo de um navio americano contra uma embarcação no golfo Pérsico ontem se tornou a mais evidente demonstração do aumento da tensão na região próxima ao estreito de Hormuz.

Ao menos uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas -todas indianas- no barco atingido, um pesqueiro de 9 m de comprimento, que se aproximava do cargueiro da Marinha dos EUA.

Em comunicado, o governo americano disse que a embarcação ignorou todos os alertas dados pelo USS Rappahannock antes de a tripulação, de maioria civil, disparar com uma metralhadora calibre ponto 50.

Segundo o texto, a equipe "utilizou uma série de respostas não letais para alertar a outra embarcação". "A tripulação dos EUA tentou, repetidamente, advertir os tripulantes do navio a desistir de sua aproximação", acrescenta o comunicado.

O disparo foi feito por volta das 14h30, no mar territorial dos Emirados Árabes Unidos, a cerca de 15 quilômetros do porto de Jebel Ali, na região de Dubai.

O tenente Greg Raelson, porta-voz da Quinta Frota -responsável pela região do golfo Pérsico-, defendeu a ação e disse que a segurança dos navios e dos militares americanos na região é "prioridade máxima".

"Havia um pequeno barco motorizado que estava se aproximando deliberadamente e não respondeu a nenhum alerta", afirmou.

O risco sempre evocado nesses casos é uma repetição do atentado da Al Qaeda contra o destróier USS Cole, que estava sendo reabastecido no porto de Áden, no Iêmen, em 2000. O ataque suicida deixou 17 militares americanos mortos e 39 feridos.

A já tensa região do golfo Pérsico tem visto recentemente uma escalada militar, com um reforço da presença naval americana após o Irã ameaçar fechar com minas o estreito de Hormuz -por onde passa um sexto da produção mundial de petróleo.

O USS Rappahannock é usado para o reabastecimento de outras embarcações na região e navegava próximo ao porto de Jebel Ali, parada bastante popular entre os navios de guerra americanos.