Irã sentencia quatro acusados de fraude à morte por enforcamento

Um tribunal do Irã condenou ontem à morte por enforcamento quatro supostos envolvidos no maior escândalo de corrupção na história do país, segundo a agência de notícias pró-regime Fars.

A fraude que chocou o país, estimada em ao menos US$ 2,6 bilhões, teria ocorrido com participação de pessoas próximas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, acirrando disputas que racham o governo iraniano.

Não foi revelada a identidade dos sentenciados, que fazem parte de um grupo de 39 pessoas indiciadas no fim do ano passado por participarem de um esquema em que documentos eram forjados com ajuda de altos funcionários do regime para obter crédito junto a bancos nacionais.

O dinheiro era então usado para a aquisição de grandes empresas estatais no âmbito do programa de privatizações, o que permitiu rápido enriquecimento dos envolvidos.

Segundo o procurador geral Gholamhossein Mohseni Ejeie, duas pessoas foram condenadas à prisão perpétua, e as demais penas chegam em alguns casos a 25 anos de detenção.

Os condenados têm 20 dias para apresentar recurso.

Um dos poucos nomes divulgados é o do banqueiro Mahmoud Reza Khavari, que fugiu para o Canadá e escapou do julgamento.

A imprensa iraniana afirma que o grupo de investimentos por trás do escândalo é ligado ao braço direito de Ahmadinejad, o assessor Esfandiar Rahim Mashaee. A Presidência nega a acusação.

O caso serviu de munição para os adversários do presidente, que tentam, até agora em vão, derrubar o ministro da Economia.

TORTURA

Em outra decisão jurídica importante, um tribunal de Teerã revogou ontem a nomeação de Said Mortazavi ao posto de diretor-geral da Seguridade Social do Irã, sob a alegação de que participou de maus-tratos e morte de opositores em prisões nos últimos anos, quando exercia o cargo de procurador-geral.