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eleições EUA

Magnatas viram 'vilões' na disputa eleitoral

Doadores de políticos republicanos, irmãos Koch são transformados em antagonistas da série de TV 'The Newsroom'

Evidência na mídia faz milionários defenderem suas ideias em vídeo e abrirem site para desmentir jornalistas

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Eles são ricos, bem-sucedidos, influentes e, à revelia, agora famosos como vilões.

No comando de um conglomerado de marcas onipresentes no cotidiano dos EUA, como a Lycra, os irmãos Koch (lê-se "côlke") viram seu nome ser banalizado na mídia por causa de suas também discretas e onipresentes doações a campanhas políticas.

O alarido é tanto que Charles, 76, e David, 72, viraram antagonistas de uma série de TV. Em "The Newsroom", da HBO, sobre um telejornal e o jogo de influências, são quase um réu ausente, acusado dos problemas no sistema.

O barulho fez os irmãos se tornarem mais vocais -sobretudo Charles, menos afeito às luzes que David, um mecenas e filantropo ávido.

"Durante anos, eu, minha família e minha empresa contribuímos com várias causas políticas para resolver problemas [como o excesso de gastos federais]", escreveu o Koch mais velho no "Wall Street Journal", em maio.

"Por causa de nosso ativismo, fomos feitos de vilões por muitos grupos. Apesar das críticas, estamos determinados a continuar contribuindo e apoiando políticos que levem esses desafios a sério."

Logo depois, publicou uma série de videoeditoriais em que defende suas ideias libertárias (governo mínimo, liberdade pessoal máxima).

O interesse dos Koch em política não é novidade; está só mais aparente. O Centro por uma Política Responsável, grupo independente que rastreia finanças eleitorais, estima que tenham depositado nos cofres de candidatos variados US$ 3,1 milhões

(R$ 6,2 milhões) desde 1990.

Também doaram para ao menos dois centros conservadores influentes de Washington: Instituto Cato, que ajudaram a criar, e Heritage.

Já a Koch Industries, das quais David é executivo-chefe e Charles, presidente, contribuiu com US$ 13,1 milhões para políticos -91% deles republicanos, levantou o CPR.

A companhia, nascida como empresa de engenharia em 1925 pelas mãos do pai, Fred, desdobrou-se em um conglomerado que vai das finanças aos fertilizantes.

Hoje a segunda maior empresa privada dos EUA no ranking da revista "Forbes", com receita estimada em US$ 100 bilhões, a Koch Industries é considerada "peso-pesado" no lobby. Só em 2011, um ano ativo do Congresso, foram US$ 8,3 milhões, relata o CPR (dois terços vieram do braço petroleiro da Koch).

"Quando uma empresa desse porte decide agir em Washington, ela sacode o sistema", diz Sandy Johnson, do Centro pela Integridade Pública, em relatório sobre os irmãos, acrescentando que ações para conter o efeito-estufa foram o alvo maior.

Ao ganhar notoriedade por causa das mudanças no sistema de financiamento eleitoral em 2010, o conglomerado abriu um site, o KochFacts, exclusivamente para desmentir jornalistas e disseminar sua versão dos fatos.

O fluxo recente é intenso.Em um post, indagam por que a mídia não rastreia as doações do bilionário progressista George Soros. Em muitos outros, criticam "The Newsroom" e o canal noticioso MSNBC, de centro-esquerda.

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