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Análise

Grécia precisa provar que agirá contra os problemas

DO “FINANCIAL TIMES”

SE OS GREGOS ESTIVEREM DISPOSTOS A FAZER A COISA CERTA, HÁ ARGUMENTOS EM FAVOR DE LHES CONCEDER PRAZO

O governo grego que conquistou o poder em junho precisa provar que, ao contrário de seus predecessores, combaterá a sério os graves problemas na gestão da economia pelo Estado.

E, caso o faça, os credores deveriam oferecer a Atenas uma chance para que acerte.

Quanto ao primeiro fator, existem alguns sinais positivos, ainda que nada esteja definido. O governo ainda precisa identificar de onde virão os € 11,5 bilhões em cortes que prometeu fazer em seu Orçamento.

Mas uma nova análise de sustentabilidade de dívida conduzida em Atenas indica que existe interesse forte em compreender o que seria necessário para recolocar a economia nos trilhos, algo que não tinha acontecido antes.

Além disso, a análise oferece argumentos válidos, que deveriam ser levados em consideração por aqueles que auxiliam a Grécia.

A análise incorpora aos seus cálculos um fato importantíssimo: uma recessão muito mais profunda do que o programa de ajuste presumia. Isso torna mais difícil encontrar áreas em que o deficit possa ser reduzido, e aumenta a probabilidade de que os cortes se provem contraproducentes.

Se os gregos estiverem dispostos a fazer a coisa certa, há argumentos em favor de lhes conceder prazo maior.

Uma solicitação, sugerida na análise, de estender para quatro anos, em lugar de dois, o prazo para os € 11,5 bilhões em cortes que o pacote de austeridade requer, irritará os credores da Grécia na zona do euro.

Mas um prazo mais longo para os cortes pode elevar a probabilidade de que eles recebam o dinheiro que lhes é devido. E já que a desaceleração econômica em toda a Europa está forçando outros países a postergar suas metas de redução de deficit, isso talvez signifique que existe espaço político para que a Grécia faça o mesmo.

Será difícil convencer os credores. Uma extensão do prazo resultará em deficit maior a ser coberto, por alguns anos.

A análise sustenta que Atenas seria capaz de cobrir essa necessidade sem um terceiro pacote de resgate, mencionando verbas do Fundo Monetário Internacional (FMI) reservadas a uma possível extensão do programa.

Outra medida que se provaria útil seria permitir que o fundo de resgate da zona do euro socorresse os bancos diretamente, da mesma forma que pode ocorrer na Espanha.

Mas, se as novas ideias fazem sentido econômico, em termos políticos serão inaceitáveis até que a Europa possa confiar nos líderes gregos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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