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Irã deflagra ofensiva diplomática contra Egito

Declarações de apoio do presidente Mursi a rebeldes sírios irritam Teerã

Em gesto pró-ditador Assad, líder supremo recebeu premiê da Síria em paralelo à cúpula dos não alinhados

Abedin Taherkenareh/Efe
Chanceler do Irã, Ali Akbar Salehi (esq.), fala com premiê sírio, Wael al Halaqi, durante cúpula dos países não alinhados
Chanceler do Irã, Ali Akbar Salehi (esq.), fala com premiê sírio, Wael al Halaqi, durante cúpula dos países não alinhados

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O Irã lançou ofensiva para reagir a críticas e ataques contra seus interesses que marcaram uma cúpula com representantes de 120 países encerrada ontem em Teerã.

Irritado principalmente pelas declarações de apoio irrestrito do novo presidente egípcio aos rebeldes sírios, o Irã tentou jogar seu peso diplomático em favor do ditador da Síria, Bashar Assad.

Um dos principais assessores do governo iraniano para temas internacionais, o deputado Hossein Sheikholeslam, disse que Mohamed Mursi mostrou "não ter maturidade política" ao exigir, em discurso anteontem, a renúncia de Assad. Segundo Sheikholeslam, o egípcio feriu princípios diplomáticos e cometeu "um grande erro".

Embora o apoio de Mursi aos rebeldes sírios seja notório, o Irã esperava que o egípcio adotasse um tom mais consensual na cúpula.

Em outro sinal de apoio a Damasco, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, recebeu o premiê sírio, Wael al Halaqi, às margens da 16ª cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados, um foro terceiro-mundista que será presidido pelo Irã até 2015.

Ciente de que enfrentaria a resistência de países árabes para incluir uma menção de apoio à Síria no comunicado final, o Irã tentou emplacar uma espécie de declaração paralela.

Participantes disseram à Folha que diplomatas iranianos passaram as últimas horas do encontro tentando angariar apoio em favor de um texto pró-Assad e em defesa da não proliferação nuclear, entre outros temas.

A proposta de documento alternativo foi barrada por um grupo de países que incluiu Colômbia, Paquistão e Índia, além de governos árabes sunitas pró-Ocidente.

No entanto, o Irã conseguiu incluir no comunicado um parágrafo de apoio ao seu programa nuclear, segundo a TV estatal. Até a conclusão desta edição, o teor do texto não tinha sido divulgado.

O governo iraniano também condenou os comentários do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que ontem disse ter cobrado pessoalmente do líder supremo a libertação de todos os líderes oposicionistas, militantes de direitos humanos, jornalistas e ativistas sociais.

Na véspera, Ban atacara Teerã pela falta de transparência no programa nuclear, pelas violações de direitos humanos e pela retórica incendiária contra Israel.

"A ONU não está assumindo a sua responsabilidade [de agir com isenção]. Não concordamos com os comentários do senhor Ban", disse à Folha Gholam Ali Haddad Hadel, um influente deputado muito próximo do líder supremo.

A crítica de Teerã a Ban obteve o respaldo de vários participantes. Um alto delegado de um país próximo dos EUA disse à Folha que o secretário-geral perderá apoio de vários países por ter ido a Teerã apenas para reproduzir o discurso das potências ocidentais.

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