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Galpões para festa de casamento são símbolo de boom econômico

DO ENVIADO A CABUL

Dono de uma revendedora de carros na periferia de Cabul, Walid Mehron, 39, nunca teve tantos clientes. "Em 2007, eu vendia um ou dois carros por semana. Hoje, a média é um por dia", diz.

Apesar das graves deficiências e da dependência da ajuda externa, a economia afegã se expande e se moderniza. O crescimento médio foi de 9% nos últimos anos. Centenas de prédios estão em construção em Cabul.

Um dos empreendimentos de maior sucesso são os "wedding halls", enormes galpões de concreto cobertos com neons coloridos onde os novos-ricos promovem suas festas de casamento. Impensáveis sob o governo ultrapuritano do Taleban, os "wedding halls" alugam-se por até US$ 50 mil (R$ 101 mil) a noite.

No centro, uma loja com fachada pintada nas cores da bandeira da Turquia vende material de construção e equipamento de calefação. "A presença dos americanos é boa para os negócios", diz o gerente turco, Fatih Kaya.

A Pepsi instalou pela cidade outdoors com a imagem do jogador de futebol Lionel Messi e a inscrição "agora no Afeganistão".

Analistas avaliam que os avanços são frágeis, já que a economia carece de sustentação própria e continua movida pelos bilhões de dólares doados por governos e por órgãos internacionais.

A classe consumidora surgida após o Taleban é em boa parte restrita à elite dos funcionários públicos e profissionais a serviço de instituições estrangeiras -embaixadas, empresas, ONGs e mídia.

Relatório do Banco Mundial mostra que 97% dos cerca de US$ 20 bilhões (R$ 40,1 bilhões) do PIB afegão vêm da ajuda externa, que já caiu devido à crise econômica no Ocidente e à perspectiva da retirada militar em 2014.

Remessas americanas de apoio ao desenvolvimento afegão despencaram de US$ 3,5 bilhões (R$ 7 bilhões) em 2010 para US$ 2 bilhões (R$ 4 bilhões) em 2011.

Além da dependência da ajuda, também há crescentes críticas acerca da maneira como o dinheiro é utilizado.

A constatação óbvia é que, apesar dos US$ 55 bilhões (R$ 111,4 bilhões) injetados no Afeganistão desde 2002, o país continua carente de infraestrutura básica. Estradas são ruins e serviços públicos, quase inexistentes.

O Banco Mundial vê duas razões por trás desse cenário: 1) a corrupção generalizada; 2) uma falha no sistema de ajuda externa pela qual boa parte do dinheiro doado termina usado para financiar ONGs e projetos ocidentais.

Analistas afirmam que o Afeganistão só será um país viável e seguro quando explorar seu potencial econômico para além da produção do ópio, plantio ilegal que ajuda a financiar a insurgência.

O território afegão possui, entre outros recursos, vastas reservas de gás, pedras e metais raros.

(SA)

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