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Análise

Eleitores prestam mais atenção às mentiras das campanhas

ALEX KEYSSAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

A verdade se tornou questão em debate na campanha presidencial americana.

Com frequência muito maior do que em anos anteriores, a imprensa dos EUA - convencional e eletrônica- está verificando e divulgando a veracidade ou falsidade de declarações.

Dois sites (Politifact.com e FactCheck.com) são inteiramente dedicados a esse fim e recebem a adesão periódica de uma legião de blogs e jornalistas. Grandes jornais e redes de TV reportam regularmente sobre a questão.

Os esforços de verificação factual visam a ambos os partidos, e não surpreende que tenham constatado que republicanos e democratas ocasionalmente exageram suas realizações e distorcem as opiniões ou ações de seus adversários. Isso não é nem novidade e nem notícia.

Mas há algo de diferente este ano, e parte da diferença está nos republicanos.

Em grau que atraiu atenção generalizada, os candidatos republicanos estão indo além das práticas políticas convencionais e declarando coisas claramente falsas.

O exemplo mais notável talvez tenha acontecido na convenção republicana, em que o indicado para vice, Paul Ryan, responsabilizou o presidente Obama pelo fechamento de uma fábrica da General Motors na cidade natal de Ryan, em Wisconsin.

A história era pessoal e comovente -mas a realidade é que a fábrica fechou quando George Bush era presidente.

Um redator da Fox News -TV alinhada aos republicanos -criticou o discurso de Ryan como "uma tentativa de bater o recorde mundial para o maior número de mentiras escancaradas e interpretações equívocas em um único discurso político".

O segundo traço distintivo desta campanha é que o povo americano parece estar prestando mais atenção à veracidade dos candidatos.

Pesquisas indicam que a maioria dos americanos antecipa que os políticos mentirão. O eleitorado é crítico quanto a ambos os partidos, mas significativamente mais com os republicanos.

Apenas 30% dos que responderam a uma pesquisa recente acreditavam que os anúncios de Romney "se limitavam à verdade", ante 42% para Obama. A margem é maior do que a liderança que Obama ostenta nas pesquisas no momento.

Dada a mistura de cinismo e esperança que borbulha no eleitorado norte-americano, uma campanha ditada por aqueles que verificam fatos talvez provasse ser uma boa estratégia.

ALEX KEYSSAR é professor de história e política pública na Escola Kennedy de Administração Pública da Universidade Harvard

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