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Turquia revida ataque sírio na fronteira

Cinco civis turcos morreram após lançamento de morteiros em seu território; Damasco prometeu investigar

Otan realiza reunião de emergência e exige o 'fim imediato dos atos de agressão'; Hillary expressa 'indignação'

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A escalada de tensão entre Turquia e Síria ganhou contornos de confronto militar ontem, com ataques da artilharia turca ao território sírio.

A ofensiva foi um revide aos morteiros disparados da Síria horas antes, deixando cinco civis mortos na Turquia.

Não ficou claro se os morteiros partiram de forças do governo ou de rebeldes que lutam para derrubar o ditador Bashar Assad. Mas a Turquia parece ter concluído que o regime foi responsável.

À noite (horário brasileiro), segundo a agência de notícias turca Anatólia, houve novos disparos de artilharia da Turquia contra território sírio.

"Nossas Forças Armadas responderam imediatamente a esse ataque abominável", anunciou um comunicado do gabinete do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan.

O comunicado afirma que os disparos da artilharia turca atingiram alvos na Síria "identificados por radar".

"A Turquia jamais deixará sem resposta esse tipo de provocação do regime sírio contra nossa segurança nacional", acrescenta a nota.

Numa tentativa de evitar deterioração maior, Damasco afirmou estar investigando a origem dos disparos que mataram os civis turcos e pediu comedimento a Ancara.

A escalada levou a Otan (aliança militar do Ocidente), da qual a Turquia é membro, a convocar reunião de emergência. A aliança manifestou seu apoio à Turquia e exigiu "o fim imediato dos atos de agressão contra um aliado".

O artigo 5º do estatuto da Otan, que estabelece o sistema de defesa coletiva, afirma que um ataque contra um membro da aliança é considerado um ataque a todos os integrantes. A reunião de ontem, porém, foi convocada sob o artigo 4º, mais brando, que prevê apenas consultas.

O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, falou com o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, antes da retaliação. Rasmussen já disse que a aliança não tem intenção de intervir na Síria, mas estará pronta para defender o aliado se for necessário.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, se disse "indignada" com o ataque sírio e afirmou estar em consultas com o aliado na Otan sobre o que chamou de "uma situação muito perigosa".

Em junho o premiê Erdogan já havia ameaçado retaliar depois que um avião turco foi derrubado pela Síria quando fazia um voo de reconhecimento na costa síria.

Segundo a TV saudita Al Arabiya, documentos secretos da ditadura síria indicam que os pilotos turcos sobreviveram à queda, mas foram executados pelo regime.

A escalada na fronteira ocorreu num dia particularmente violento em Aleppo, onde quatro explosões mataram ao menos 40 pessoas.

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