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Antichavistas voltam ao país para eleição

'Viajantes eleitorais' tentam reforçar voto em Capriles amanhã na Venezuela; há cerca de 100 mil eleitores no exterior

Para estudante que vive na Espanha e viajou a Caracas para votar, esforço é necessário para derrotar Chávez

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Para votar em Henrique Capriles contra Hugo Chávez na eleição de amanhã na Venezuela, a estudante Orinana Leocata, 26, fará um bate e volta de Barcelona a Caracas.

"Fui morar em Barcelona em abril e não deu tempo de me inscrever na embaixada. Resolvi vir", conta Leocata, que chegou anteontem a Caracas e volta amanhã mesmo à Espanha. O voto na Venezuela não é obrigatório.

"É um investimento. Esse governo me fez muito mal. Estou em Barcelona, meu irmão no Canadá. Expropriaram uma fazenda do meu pai em 2010, sem indenização."

Pode parecer um esforço desproporcional ou inútil, mas Leocata alega que, se todos pensarem assim, nunca será possível vencer Chávez.

Os dados da eleição de 2007 estimulam a diáspora antichavista. Nela, a oposição derrotou nas urnas a reforma constitucional proposta pelo governo por só 1,5% dos votos (124 mil eleitores).

Não há como mensurar a quantidade dos "viajantes eleitorais", mas um indicativo foi o barulho em Nova York, anteontem, quando a American Airlines cancelou dois voos para Caracas.

Os voos alternativos oferecidos só chegavam à Venezuela amanhã à noite. Foram tantos protestos que a empresa retomou os voos e ainda ofereceu um extra.

A oposição se mobiliza também para contabilizar os eleitores no exterior. São 100 mil dos 18,9 milhões de votos em jogo -no Brasil, são 1.118, concentrados no Rio, em São Paulo e em Manaus.

Em Miami, bastião antichavista, há 19 mil eleitores, mas eles não poderão votar lá.

Uma rusga diplomática entre Washington e Caracas levou o governo Chávez a fechar o consulado de Miami no começo do ano, e quem quiser votar no domingo terá de viajar até Nova Orleans.

Para custear o traslado de quem não pode pagar, antichavistas fizeram eventos de arrecadação de fundos e criaram páginas de internet como "VotoDondeSea" (voto onde for), que organizam voos charter e dão dicas de descontos para alugar carros.

VOTO DOS 'RICAÇOS'

Ainda que a divisão entre ricos e pobres seja decisiva, nem toda a classe alta é inimiga do governo Chávez. Até o presidente pediu voto aos "ricaços", dizendo que ele garantia "estabilidade" e não havia impedido viagens ao exterior e iates nas praias.

Num país onde 96% dos dólares vêm de uma estatal, muitas empresas gravitam em torno do Estado -sem falar dos que fazem dinheiro no mercado negro de divisas devido ao controle cambial.

Leocata, que vai votar cedo amanhã, espera que, ao voltar a Barcelona, o destino do país caribenho já tenha sido selado. "Disso depende se fico na Espanha ou volto. Se Capriles ganhar, meus amigos vão me esperar no aeroporto com uma festa."

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