São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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VIRADA TRANQUILA
Keizo Obuchi trabalha até meia-noite para monitorar serviços essenciais; festas têm caráter reservado
Premiê japonês fica de plantão, e bug não vem

France Presse
Queima de fogos de artifício iluminam o céu da baía de Tóquio, capital do Japão, durante festa que comemorou a entrada do país no ano 2000, população não teve problemas com bug


FERNANDO RODRIGUES
enviado especial a Tóquio

Nada de desastres, nenhum atentado de grupos radicais e tudo funcionou como previsto no Japão na virada do ano. Essa foi a notícia dada aos japoneses nos primeiros minutos do ano 2000 pelo primeiro-ministro do país, Keizo Obuchi.
O premiê japonês ficou trabalhando em seu escritório até a meia-noite de ontem. Acompanhou o funcionamento dos serviços essenciais do país. Havia um temor de que o bug do ano 2000 causasse problemas para a população. O bug é um defeito em programas de computador que impede as máquinas de reconhecerem a mudança de data.
Obuchi falou aos 50 minutos do ano 2000 (o Japão está 11 horas à frente do horário de Brasília). Disse que todos os serviços de infra-estrutura "funcionam bem".
Até o momento em que este texto foi escrito -10h30 da manhã do dia 1º no Japão; 23h30 do dia 31 de dezembro em Brasília-, nenhum caso mais grave havia sido relatado pelas autoridades japonesas, segundo informou à Folha o Gaimucho, o Ministério das Relações Exteriores japonês.
Nas ruas de Tóquio, a população festejou com certa reserva a chegada do ano 2000. Em Shibuya, um dos principais centros da capital japonesa em termos de concentração de gente em dias úteis, quatro telões gigantes (um media 23,5 metros por 19 metros) usados para publicidade mostraram aos cerca de 10 mil que estavam presentes uma contagem regressiva para o Ano Novo.
Obcecado com organização, o governo japonês concedeu entrevista coletiva as 7h30 de hoje (20h30 de ontem no Brasil). O diretor-geral-adjunto do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores japonês, Kaoru Ishikawa, disse que "apenas dois pequenos problemas foram registrados" até aquele momento. Nenhum deles seria relacionado com o bug do ano 2000.
O primeiro foi um congestionamento do sistema de telefonia celular logo após a meia-noite. O outro problema foi numa usina nuclear, que está obrigada a emitir relatórios sobre funcionamento a cada 10 minutos.
"O relatório que deveria ter sido enviado aos 2 minutos do primeiro dia do ano, por algum motivo, não foi enviado, mas os dados estavam todos no computador, Sabemos que tudo está normal porque o relatório emitido aos 12 minutos foi recebido normalmente pelo governo", disse Ishikawa.
Na falta de catástrofe por causa do bug do ano 2000, a única notícia ruim para os japoneses nesta semana foi sobre a princesa imperial Masako, que teve um aborto. Seria o seu primeiro filho. Aos 36, a princesa está casada há seis anos e meio. Desde que sua gravidez foi anunciada, no início de dezembro, o tema frequentava os jornais locais quase diariamente.
Os japoneses comemoraram o Ano Novo da forma tradicional. Foram a templos budistas ou a santuários xintoístas. Muitos ficaram em casa, assistindo TV.
O Ano Novo é como uma festa religiosa no Japão. É um período em que as pessoas costumam usar para a reflexão e para ficar em família. As festas públicas só são cópias do que há no Ocidente, numa tentativa de atrair turistas.

Preparação exagerada
Apesar de não haver muita razão para temer algo de grave, o governo japonês e as empresas privadas do país tinham se preparado com um certo exagero para o início do ano 2000.
A população vinha sendo aconselhada, desde outubro, a fazer estoques de comida, água, remédio e combustível. Muitos fizeram isso. Se os estoques resultaram inúteis, pelo menos houve um aquecimento do comércio.


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