São Paulo, domingo, 01 de janeiro de 2006

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Para artesão, Morales mudará a economia

DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARROYO CONCEPCIÓN (BOLÍVIA)

"Evo Morales está fazendo uma revolução na política. Eram sempre os mesmos no poder. Ele é uma pessoa que saiu do povo. Por causa da folha de coca, muita gente pensa que ele é um narcotraficante. Não é. Vai estimular o plantio de abacaxi, amendoim e palmito, além da coca."
A opinião é do vendedor de artesanato Herman Chuquimia, 30, de origem aimará, assim como o presidente eleito da Bolívia.
Chuquimia tem uma loja na feira boliviana no distrito de Arroyo Concepción, a 1 km de distância da fronteira com o Brasil. É um dos poucos que vendem artesanato e roupa tradicionais de indígenas, material que vem de La Paz. A maioria na feira comercializa roupas comuns, além de calçados e eletrônicos.
O vendedor de artesanato, que ganha cerca de R$ 500 por mês, não se cansa de falar de Evo Morales. "Ele vai fazer muitas coisas novas com a nacionalização do gás", afirma Chuquimia.
"A Bolívia não tem indústrias. Exporta minério de ferro para a Argentina. Lá ele é industrializado e volta para cá, como aço em forma de pregos e vigas, muito mais caro. Por isso a nacionalização do gás é importante para a industrialização", afirma Chuquimia, comentando a proposta de Morales de nacionalizar recursos naturais explorados por multinacionais na Bolívia.
Sobre o fato de "muitas pessoas pensarem que Evo Morales é um narcotraficante" por causa da coca, Chuquimia diz que essas folhas são boas para dor de estômago e podem ser compradas livremente na feira.
Um comerciante, que preferiu não revelar o nome, vende a coca na forma de mate em caixinhas de 20 gramas produzidas pela empresa Hansa, de La Paz, no valor de R$ 2.
Se o cliente desejar o produto natural para mascar, ele abre um saco grande, cheio de folhas, retira algumas, embala a quantidade em um saquinho e vende por R$ 1.
Seus principais clientes, segundo ele, são caminhoneiros que usam a coca para não dormir ao volante.


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