São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Bremer reafirma que uma corte especial julgará Saddam

Atentados causam a morte de ao menos 18

DA REDAÇÃO

Guerrilheiros que tentam inviabilizar a presença dos Estados Unidos no Iraque mataram nove iraquianos e feriram outros 44 com a explosão de um carro-bomba numa delegacia de polícia da cidade de Mossul, 390 km ao norte da capital iraquiana. Em outros incidentes, três soldados americanos foram mortos ao terem seu comboio emboscado em estrada também no norte do país e pelo menos seis pessoas morreram em duas explosões em um bairro de Bagdá.
No ataque em Mossul, uma fumaça negra e espessa saía do carro usado na ação, que estava carregado de explosivos. A explosão arrebentou janelas e atirou pedestres ao chão.
O major Hugh Cate, porta-voz da 101ª Divisão Aerotransportada, disse que em Mossul dois dos mortos eram policiais iraquianos. Ele também disse que bombeiros e socorristas iraquianos trabalhavam ao lado de norte-americanos para resgatar os feridos.
Os três soldados mortos ontem estavam num comboio que viajava entre Kirkuk e Tikrit, cidade do ditador deposto Saddam Hussein, a 175 km ao norte de Bagdá.
O major Josslyn Aberle, porta-voz militar, disse que as vítimas pertenciam à 4ª Divisão de Infantaria. Com elas, segundo a agência Reuters, sobe a 364 o número de americanos mortos em conflito desde março, quando a coalizão iniciou sua ofensiva contra o regime de Saddam. O balanço é de 522 mortos se computados os que morreram em acidentes.
No bairro de Baladiyyat, na zona leste de Bagdá, um projétil atingiu uma área residencial, matando pelo menos cinco pessoas e ferindo diversas outras. A identidade das vítimas não foi revelada, mas na região onde ocorreu o ataque vivem muitos refugiados palestinos. Instantes depois, nova explosão deixou mais um morto. O comando americano não se pronunciou sobre os incidentes.
As atividades da resistência não diminuíram depois que Saddam foi capturado em dezembro, contrariando previsões do Pentágono. A violência tampouco impediu que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, autorizasse uma equipe sua a se dirigir ao Iraque nos próximos dias para estudar as condições de realização de eleições nos próximos meses.
Em 29 de agosto as instalações da ONU ruíram sob os efeitos de explosivos. Morreram 22 pessoas, entre elas o chefe da representação em solo iraquiano, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
A ONU está voltando ao Iraque a pedido dos Estados Unidos, que pretendem transferir em 30 de junho o poder aos iraquianos, segundo um plano que desperta a oposição das lideranças xiitas, que querem a eleição de uma assembléia e não a nomeação de seus futuros integrantes.
Um jornal de Dubai trouxe ontem entrevista do administrador civil norte-americano no Iraque, Paul Bremer. Ele disse que Saddam, o ditador deposto, permanecerá no Iraque e será entregue a uma corte especial, que será criada pelo Conselho de Governo.
O conselho, cujos integrantes foram nomeados pelos Estados Unidos já tomou as primeiras providências para a instalação desse tribunal de exceção. Segundo Bremer, o ex-ditador será julgado por genocídio e por "invasão de país vizinho", menção a sua malograda iniciativa de, em 1990, anexar o Kuait, de onde foi desalojado por uma ampla aliança militar encabeçada pelos Estados Unidos.


Com agências internacionais


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