São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Equador deve aprovar consulta popular

Sob pressão, Congresso indica que cederá a partidários do presidente Correa; protestos perdem intensidade

DA REDAÇÃO

As manifestações contra o Congresso diminuíram ontem na capital equatoriana, Quito, enquanto o Legislativo deu sinais de estar cedendo às pressões do governo e dos manifestantes que pedem a aprovação de um referendo sobre uma Assembléia Constituinte .
Ontem, o Congresso retomou a sessão que havia sido interrompida na véspera, quando cerca de 5.000 manifestantes cercaram sua sede e chegaram a invadi-la por pouco tempo. O referendo foi a principal promessa de campanha do presidente Rafael Correa, um economista de esquerda que tomou posse no último dia 15.
De acordo com o presidente do Congresso, Jorge Cevallos, o Legislativo deve aprovar a consulta popular, apesar de fazer forte oposição ao presidente. A Aliança País, movimento de Correa, não apresentou candidatos ao Legislativo.
Se for aprovado, o referendo será enviado ao Tribunal Supremo Eleitoral, que organizará sua realização.
Ontem, a análise da proposta de Correa para o referendo foi interrompida pelo pedido de demissão do procurador-geral do Equador, Francisco Cucalón. O procurador fora designado pelo Congresso havia 14 dias, mas não conseguiu assumir porque a sede da Procuradoria foi tomada por manifestantes pró-Correa. A saída de Cucalón deve ajudar a reduzir a tensão política em Quito.
Ontem, representantes do Legislativo deviam se reunir com o ministro do Interior, Gustavo Larrea, o que também pode diminuir o confronto entre o Executivo e o Congresso.
Os protestos de ontem atraíram menos pessoas e foram menos violentos do que os de anteontem. A polícia reforçou a segurança nos arredores do Parlamento.
Na noite de terça-feira, Cevallos acusara Correa de "pressionar os deputados com protestos, gerando caos e violência": "Se o governo tivesse permitido que o Congresso trabalhasse ontem, já existiria uma aprovação porque havia os votos".
Correa culpou o Legislativo pelas manifestações. Segundo ele, o órgão quer se opor à "vontade cidadã" ao impedir a convocação do referendo. Segundo o presidente, o Congresso está configurando o cenário "para destituí-lo" do poder. "Isso é impossível porque os senhores não entendem que esse é um problema político no qual o governo [...] tem mais de 80% de apoio popular."
Correa disse também que teme por sua vida e de seu família, afirmações que a oposição classificou de "insultantes".
Em Madri, a ministra equatoriana de Relações Exteriores, María Fernanda Espinosa, responsabilizou os representantes da "velha política" pelos incidentes de anteontem. "Falamos de cerca de 60 deputados do Congresso Nacional em franca rebeldia em relação à opinião de 87% da população", disse, em referência a pesquisas recentes feitas pelo governo.
O referendo sobre uma Assembléia Constituinte foi uma das principais promessas da campanha à Presidência de Correa. O presidente considera que a convocação de uma Constituinte é um passo fundamental rumo à "revolução socialista", prometida por ele ao tomar posse, há 15 dias.


Com agências internacionais


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