São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA
Organização busca se reaproximar de Bagdá e aprova nova comissão de desarmamento, liderada por Celso Amorim
Brasil chefia missão da ONU no Iraque

MARCELO DIEGO
de Nova York

O representante brasileiro na ONU (Organização das Nações Unidas), o embaixador Celso Amorim, deve encabeçar uma nova missão para acompanhar o desarmamento do Iraque.
A missão de Amorim foi aprovada anteontem pelo Conselho de Segurança da ONU, mas ainda depende do aval do secretário-geral, o ganense Kofi Annan.
A proposta foi formulada pelo Canadá. Ela prevê o envio de três comissões ao Iraque. Uma vai acompanhar o processo de desarmamento no país, acusado de estar construindo armas químicas, biológicas e estudando a construção de armamento nuclear.
Outra missão vai estudar o impacto das sanções econômicas estabelecidas pelos EUA contra o Iraque. A terceira comissão vai fiscalizar a situação de bens, propriedades e de prisioneiros tomados pelos iraquianos durante a invasão ao Kuait (em 1990).
A Unscom (comissão que fiscalizava a eliminação de armas de destruição do Iraque) irá integrar o grupo de vistoria militar.
O embaixador Celso Amorim comandará as três missões. O aval do secretário-geral à proposta é quase certo. As comissões irão para o Iraque assim que o governo local conceder autorização. Será a primeira vez que a ONU volta ao Iraque desde o começo dos ataques dos EUA e do Reino Unido, em dezembro. O país foi bombardeado porque não estaria colaborando com as inspeções militares da ONU.
A nova missão deve preparar um relatório minucioso sobre a situação do país, a ser entregue a Kofi Annan em 15 de abril. De posse dele, as Nações Unidas decidiriam os próximos passos. Amorim irá se reportar ao presidente do Conselho de Segurança e a Kofi Annan.
O brasileiro foi o articulador do plano da nova missão, convocando uma reunião extraordinária anteontem. Amorim presidiu o Conselho de Segurança em janeiro e achava que uma proposta deveria ser aprovada ainda sob seu comando. "A aprovação mostra que a ONU está de volta ao cenário", disse, após a reunião.
Um porta-voz do ditador Saddam Hussein, falando ontem à agência de notícias local "INA", criticou a proposta da ONU.
O governo iraquiano diz que qualquer conclusão levaria meses para ser decidida, significando a manutenção do embargo ao país. Bagdá argumenta que cumpriu já as determinações de desarmamento impostas após a Guerra do Golfo (1991) e que as sanções econômicas deveriam ser revogadas.
O Conselho de Segurança é formado por 15 membros, sendo cinco permanentes (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China) e dez rotativos. A presidência do Conselho, organismo encarregado de manter a paz e a segurança mundial, muda a cada mês.
Reino Unido e EUA voltaram a atacar radares e alvos militares no Iraque durante fim-de-semana.
²


Com agências internacionais


Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.