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VISITA
Na primeira viagem ao território após retirada da Indonésia, presidente se desculpa pelos 24 anos de ocupação
Wahid enfrenta protestos em Timor
das agências internacionais
A visita do presidente indonésio, Abdurrahman Wahid, foi recebida com protestos em Timor
Leste. Wahid foi ao território ontem e pediu desculpas pelos 24
anos de ocupação indonésia, encerrados no ano passado.
Manifestantes tentaram bloquear a passagem da comitiva
oficial, que deixava o aeroporto
de Comoro em direção a Díli, capital de Timor. Para dispersar o
protesto, soldados da força da
ONU dispararam para o alto.
Houve novos protestos quando o presidente indonésio afirmou, em pronunciamento a cerca de 5.000 pessoas, que "se sentia em casa" em Díli.
Wahid interrompeu o discurso
e se refugiou dentro do Palácio do
Governador, enquanto soldados
que integram a força de paz da
ONU, inclusive brasileiros, tentavam manter a ordem.
Entre os manifestantes se encontravam familiares das vítimas
da violência iniciada pelos grupos
paramilitares antiindependência
indonésios e pelo Exército indonésio depois do plebiscito de 30
de agosto de 99, em que se decidiu
a independência de Timor Leste
em relação a Jacarta.
Cerca de 300 pessoas exigiam
que militares indonésios responsáveis por crimes cometidos em
Timor fossem julgados por um
tribunal internacional. Os independentistas falam em 200 mil
mortos em 24 anos. A situação se
acalmou quando os líderes timorenses Xanana Gusmão e José Ramos Horta, ganhador do Nobel
da Paz, intercederam.
Wahid depositou uma coroa de
flores no cemitério de Santa Cruz,
cenário do massacre de ao menos
50 civis timorenses por soldados
indonésios em 1991. Durante a visita, o presidente pediu desculpas
aos timorenses pelo sofrimento
durante a ocupação e pela campanha de violência após o plebiscito.
Depois, Wahid se dirigiu ao cemitério militar indonésio e depositou uma coroa de flores em memória dos militares de seu país
que morreram em Timor Leste.
"Gostaria de pedir desculpas
pelas coisas que aconteceram no
passado, para as vítimas e para as
famílias dos mortos em Santa
Cruz e aos amigos que estão enterrados no cemitério militar.
Ambos são vítimas de circunstâncias que não desejaram."
Essa foi a primeira visita de um
presidente indonésio após a independência de Timor. A ex-colônia
portuguesa foi invadida pela Indonésia em 75 e anexada em 76.
Timor é administrado pela ONU
até a realização de eleições.
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