São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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VISITA
Na primeira viagem ao território após retirada da Indonésia, presidente se desculpa pelos 24 anos de ocupação
Wahid enfrenta protestos em Timor

das agências internacionais

A visita do presidente indonésio, Abdurrahman Wahid, foi recebida com protestos em Timor Leste. Wahid foi ao território ontem e pediu desculpas pelos 24 anos de ocupação indonésia, encerrados no ano passado.
Manifestantes tentaram bloquear a passagem da comitiva oficial, que deixava o aeroporto de Comoro em direção a Díli, capital de Timor. Para dispersar o protesto, soldados da força da ONU dispararam para o alto.
Houve novos protestos quando o presidente indonésio afirmou, em pronunciamento a cerca de 5.000 pessoas, que "se sentia em casa" em Díli.
Wahid interrompeu o discurso e se refugiou dentro do Palácio do Governador, enquanto soldados que integram a força de paz da ONU, inclusive brasileiros, tentavam manter a ordem.
Entre os manifestantes se encontravam familiares das vítimas da violência iniciada pelos grupos paramilitares antiindependência indonésios e pelo Exército indonésio depois do plebiscito de 30 de agosto de 99, em que se decidiu a independência de Timor Leste em relação a Jacarta.
Cerca de 300 pessoas exigiam que militares indonésios responsáveis por crimes cometidos em Timor fossem julgados por um tribunal internacional. Os independentistas falam em 200 mil mortos em 24 anos. A situação se acalmou quando os líderes timorenses Xanana Gusmão e José Ramos Horta, ganhador do Nobel da Paz, intercederam.
Wahid depositou uma coroa de flores no cemitério de Santa Cruz, cenário do massacre de ao menos 50 civis timorenses por soldados indonésios em 1991. Durante a visita, o presidente pediu desculpas aos timorenses pelo sofrimento durante a ocupação e pela campanha de violência após o plebiscito.
Depois, Wahid se dirigiu ao cemitério militar indonésio e depositou uma coroa de flores em memória dos militares de seu país que morreram em Timor Leste.
"Gostaria de pedir desculpas pelas coisas que aconteceram no passado, para as vítimas e para as famílias dos mortos em Santa Cruz e aos amigos que estão enterrados no cemitério militar. Ambos são vítimas de circunstâncias que não desejaram."
Essa foi a primeira visita de um presidente indonésio após a independência de Timor. A ex-colônia portuguesa foi invadida pela Indonésia em 75 e anexada em 76. Timor é administrado pela ONU até a realização de eleições.


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