FÁBIO ZANINI
de Londres

Aumentaram ontem os indícios de que o general chileno Augusto Pinochet está prestes a regressar ao seu país.
O jornal britânico "The Daily Telegraph" trouxe reportagem afirmando que o ministro do Interior do Reino Unido, Jack Straw, não fez consultas formais a Pinochet sobre sua disponibilidade para ser submetido a novos exames médicos.
A realização de mais uma bateria de testes foi pedida por França e Espanha na semana passada.
Isso mostraria que Straw estaria mesmo convencido de que Pinochet deve ser libertado em razão de seu precário estado de saúde.
Uma autorização formal do ministro para que o ex-ditador retorne ao Chile é esperada para os próximos dias, podendo até acontecer hoje.
Exames médicos, conduzidos no início de janeiro, revelaram que o general sofreu danos cerebrais que o impediriam de entender um eventual julgamento por violação de direitos humanos.
Pinochet foi detido em Londres em outubro de 1998, onde aguarda resolução da Justiça britânica para pedido de extradição da Espanha. A Justiça do país quer julgá-lo por violação de direitos humanos durante o período em que foi ditador do Chile (1973-90).
Além de danos cerebrais, o ex-ditador, 84, teria pelo menos outras dez doenças. Baseado neste diagnóstico, Jack Straw anunciou, em meados de janeiro, que estava "propenso" a autorizar a volta de Pinochet para o Chile.
Outro indicador de que a saída de Pinochet pode ocorrer em breve é a crescente movimentação de policiais perto do condomínio fechado de Wentworth, distrito de Surrey (sul de Londres), onde ele permanece em casa alugada por simpatizantes.
Nos últimos dias, a polícia britânica reforçou a vigilância e o controle de pessoas que passam pelo local. Isso seria parte da "Operação Saída" de Pinochet, que deve ser removido rapidamente da casa, sob forte escolta policial, assim que o ministro Straw anunciar sua decisão.
Um avião da Força Aérea chilena está parado na base aérea de Brize Norton (ao norte de Londres) especialmente aguardando para levar o general de volta.
A provável decisão de Straw favorável a Pinochet deverá ser contestada pelos governos da França, Suíça, Bélgica e Espanha e por grupos de defesa dos direitos humanos.
Mas, ainda que eles recorram judicialmente, Straw poderá ignorar os apelos, mantendo a autorização para libertar o general.


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