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IRAQUE NA MIRA
Decisão iraquiana é "significativa", diz chefe dos inspetores da ONU; EUA vêem "manobras enganosas"
Bagdá deve começar a destruir mísseis hoje
DA REDAÇÃO
O Iraque deve começar hoje a
destruir os seus mísseis Al Samoud 2, disseram ontem autoridades iraquianas e da ONU. O
chefe dos inspetores de armas da
entidade, o sueco Hans Blix, disse
que a promessa de Bagdá é "um
exemplo muito significativo de
desarmamento real".
Blix havia estipulado um prazo
até hoje para que o regime iraquiano começasse a se livrar dos
mísseis que, de acordo com especialistas da ONU, têm um alcance
superior aos 150 km permitidos
por uma resolução do Conselho
de Segurança (CS).
Numa carta a Blix, o Iraque concordou em acatar suas exigências,
mas argumentou que esses mísseis não violam as determinações
da ONU e não deveriam ser vistos
como objetivo prioritário no processo de desarmamento.
EUA e Reino Unido -que afirmam que o regime do ditador
Saddam Hussein não colabora
com as inspeções e por isso deve
ser alvo de ofensiva militar- reagiram com frieza à notícia da destruição dos mísseis. Para eles, trata-se de mais uma jogada de Saddam para enganar os inspetores e ganhar tempo na crise.
"A ONU disse que, enquanto
[os iraquianos] destroem as armas com uma mão, continuam
fabricando com a outra", disse
Ari Fleischer, porta-voz da Casa
Branca. "A ONU disse que eles
continuam fabricando mísseis Al
Samoud. O presidente considera
isso uma continuação de manobras enganosas."
O premiê britânico, Tony Blair,
disse que sabia desde o início que
o Iraque esperaria até a última hora para acatar a exigência de Blix.
Ele afirmou que "não é hora para
jogos".
Diplomatas representando o
Iraque e a ONU se reuniram ontem para definir os mecanismos
que serão utilizados para a destruição. Outra reunião deve ocorrer hoje, antes do início da destruição.
Blix, que havia preparado um
relatório ao CS afirmando que os
cerca de três meses de inspeções
trouxeram até agora apenas "resultados limitados", pretende
agora adotar um tom mais positivo sobre a cooperação iraquiana.
"Cada um dos relatórios que
apresento é uma fotografia da situação em um dado momento",
declarou Blix. "Se a realidade muda, meu relatório muda."
Ele acrescentou: "Antes da próxima semana, quando apresentarei meu relatório ao CS, haverá sem dúvidas outros elementos [a
serem levados em conta], já que
os iraquianos estão atualmente
muito ativos."
A França, que lidera o bloco de
países que se opõem a uma ação
armada contra Bagdá e pede mais
tempo para os trabalhos de inspeção, elogiou ontem a decisão iraquiana. Paris classificou a medida de "um importante passo para o
desarmamento do Iraque" e disse
se tratar de uma prova de que as
inspeções estão produzindo resultados.
"Não há nenhuma razão para
interromper o desarmamento pacífico do Iraque", afirmou o chanceler francês, Dominique de Villepin. "Nós nos opomos ao texto da
segunda resolução, assim como a
maioria do CS, e principalmente a
Rússia."
Washington apresentou na segunda-feira uma proposta de nova resolução da ONU condenando o governo iraquiano por não
ter aproveitado a "última chance"
que lhe foi dada para desarmar. Se
aprovado no CS, o documento
patrocinado por americanos, britânicos e espanhóis abriria caminho para o uso da força.
Embora tenha fixado um prazo
para o começo da destruição dos
Al Samoud 2, Blix não determinou até quando o país deverá ter
se livrado deles. Estima-se que os
iraquianos tenham entre 100 e 120
unidades do armamento.
Analistas políticos americanos
antecipam que Bagdá poderia
tentar destruí-los lentamente, para mostrar cooperação contínua
e, ao mesmo tempo, poder contar
com os mísseis para a sua defesa
caso seja alvo de ataque liderado
pelos EUA.
Com agências internacionais
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