São Paulo, Segunda-feira, 01 de Março de 1999
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ÁFRICA
Candidato derrotado denuncia fraude de ex-presidente, vencedor da votação de sábado
Obasanjo é eleito presidente na Nigéria

das agências internacionais

O candidato Olusegun Obasanjo já pode se considerar o vencedor das eleições presidenciais ocorridas no último sábado na Nigéria, as primeiras depois de 15 anos de ditadura militar.
Apuradas as urnas em cerca de 31 dos 36 Estados nigerianos, Obasanjo liderava folgadamente com 61%, enquanto o candidato Olu Falae estava com 31%.
Falae, porém, declarou ontem que as eleições foram uma "farsa" e que não aceitará a vitória do rival.
"Se Obasanjo ganhasse de modo livre e justo, eu seria o primeiro a felicitá-lo. Mas essa não foi uma eleição livre e justa", disse Falae.
Observadores estrangeiros, entre eles o general Colin Powell, dos EUA, confirmaram que houve irregularidades durante as votações, sobretudo no sul do país.
O ex-general e ex-presidente Olusegun Obasanjo governou a Nigéria entre 1976 e 1979. Foi preso em 1995, acusado de tramar um golpe contra o então ditador militar, Sani Abacha.
Com a morte de Abacha, no ano passado, Obasanjo foi libertado. Seu Partido Democrático Popular venceu com ampla margem as eleições legislativas realizadas há dez dias.
O ex-ministro das Finanças Olu Falae também esteve preso durante o governo Abacha. Lidera uma coalizão de dois partidos debilitada pela perda de políticos importantes para o lado adversário.
A redemocratização da Nigéria -país mais populoso da África, com mais de 110 milhões de habitantes- ganhou força após a morte do ditador Abacha, em junho do ano passado.
O sucessor de Abacha, general Abdulsalam Abubakar, confirmou a realização das eleições e a transição do poder para os civis no dia 29 de maio de 1998.
A cúpula do Exército, que continua a ser o setor mais influente no país, se comprometeu a respeitar o novo governo, independentemente de quem vencer as eleições.
A transição democrática foi marcada pela morte de Moshood Abiola, presidente eleito em 1993 e detido após o golpe de Abacha.

A morte de Abiola
Em julho passado, após a morte do ditador, Abiola, que personificava a luta contra a ditadura e era favorito para o pleito presidencial de hoje, deveria ser solto.
Mas ele morreu pouco antes, na prisão. Legistas dos EUA e do Canadá que o examinaram disseram que a morte foi causada por parada cardíaca.
Os simpatizantes de Abiola acusaram o governo de tê-lo envenenado e promoveram violentos protestos, que resultaram na mortes de mais de 60 pessoas.


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