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ORIENTE MÉDIO
Kofi Annan pensa em desmantelar equipe após gabinete de Israel aprovar lista de exigências para a investigação
ONU cogita cancelar a missão de Jenin
DA REDAÇÃO
Enfrentando fortes objeções de
Israel, o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, cogita cancelar a
missão que deveria investigar o
que ocorreu durante a ofensiva israelense no campo de refugiados
palestinos de Jenin (Cisjordânia).
O gabinete do premiê Ariel Sharon decidiu não cooperar com a
missão da ONU até que ela atenda
a seis exigências divulgadas ontem, como o direito de Israel a rejeitar pedidos da missão para investigar funcionários e soldados e
ter acesso a documentos oficiais.
"O secretário-geral [da ONU"
está pensando em desmantelar a
equipe", disse Kieran Prendergast, subsecretário-geral de Assuntos Políticos da entidade. "Nada será possível sem a cooperação
de Israel", acrescentou o diplomata no Conselho de Segurança.
Prendergast salientou que, com o
passar dos dias, "se tornará mais
difícil verificar o que aconteceu".
Os palestinos afirmam que centenas de civis foram mortos na
ofensiva israelense contra o campo de Jenin (de 3 a 11 de abril), no
que classificaram de "massacre".
Israel diz que o campo foi palco
da mais dura batalha entre israelenses e palestinos, na qual morreram 23 soldados israelenses e 50
palestinos. O país diz ainda que o
campo era uma "fábrica de homens-bomba", de onde saíram 26
terroristas suicidas.
O embaixador dos EUA junto à
ONU, John Negroponte, disse que
nenhuma decisão foi tomada sobre o futuro da missão e que o
país respeitará a decisão de Annan. Os EUA e Israel apoiaram a
resolução do Conselho de Segurança que criou a missão.
Na ocasião, em 19 de abril, Washington recebeu aval dos israelenses -que dizem nada ter a esconder- para patrocinar uma resolução de conteúdo mais moderado que aquele de proposta que seria levada a votação formulada
pela Síria.
Apesar da retórica favorável ao
envio da missão para esclarecer o
que ocorreu em Jenin, entretanto,
o governo de Sharon passou a colocar obstáculos ao início de suas
atividades. A cada nova exigência
israelense atendida pela ONU
-como, por exemplo, a inclusão
de especialistas militares e de
combate ao terrorismo- Israel
se diz insatisfeito e convoca nova
reunião de gabinete para discutir
o assunto.
Annan reclama
Annan afirmou que a ONU
"realmente fez de tudo para que
eles [os israelenses" não tivessem
preocupações", acrescentando
que os ministros israelenses das
Relações Exteriores, Shimon Peres, e da Defesa, Benyamin Ben
Eliezer, disseram que ela seria
bem-vinda e que seu país não tinham nada a esconder.
"Israel está pronto para qualquer investigação, desde que as
mãos estejam completamente
limpas. Os palestinos, baseado no
que eles próprios dizem, transformaram o campo de Jenin em um
centro de terror e assassinatos, de
onde foram lançados vários atentados", disse Peres ontem.
O ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbo, disse
que a decisão israelense de vetar a
missão demonstra que Israel cometeu crimes de guerra e deve ficar sujeito a sanções da ONU.
Ahmed Abdul Rahman, secretário do gabinete da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), foi
mais enfático, afirmando que a
possibilidade do cancelamento da
missão em Jenin é um "choque a
todos os palestinos e a todos os
que acreditam nos direitos humanos".
Já o embaixador do Egito junto
à ONU, Ahmed Aboul Gheit, disse que os países árabes devem pedir ao Conselho de Segurança
uma dura resposta.
Eles devem utilizar o capítulo 7
da legislação da ONU, segundo o
qual, dizem os árabes, Israel é
obrigado a aceitar a missão ou então se coloca em uma situação de
violação das diretrizes do Conselho. Porém, segundo autoridades
dos EUA, principais aliados de Israel, isso não é possível, pois a
missão está sob a tutela de Annan,
não ficando sujeita a esse tipo de
penalidade.
Arafat
Especialistas em segurança dos
EUA e do Reino Unido estiveram
ontem em Jericó (Cisjordânia),
onde visitaram a prisão em que
seis palestinos procurados por Israel devem ser mantidos presos.
Sua transferência faz parte do
acordo para a livre circulação do
presidente da ANP, Iasser Arafat,
que permanecia cercado por tanques israelenses em seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia), apesar de Israel ter concordado em libertá-lo.
Segundo um alto funcionário
palestino, Israel impediu a entrada no palácio presidencial de negociadores palestinos que discutiram os detalhes para o fim do cerco ao local, o que pode adiar a implementação do acordo..
A incursão israelense em Hebron acabou ontem, após dois
dias, com nove pessoas mortas e
250 presas. Em nova ação na madrugada de hoje em Rafah, na faixa de Gaza, pelo menos um palestino morreu e oito ficaram feridos
após disparos de blindados israelenses.
Israel prendeu dois israelenses
que estariam planejando ataques
contra árabes.
Com agências internacionais
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