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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Roteiro apresentado por EUA, Rússia, UE e ONU pede repressão a terror e fim de assentamentos judaicos

Plano prevê Estado palestino em 2005

Nir Elias/Reuters
Médico israelense passa por vítima de ataque suicida em bar em Tel Aviv, que deixou três mortos


DA REDAÇÃO

Mediadores internacionais lançaram ontem um plano de paz para o Oriente Médio, um dia depois de um ataque suicida matar três israelenses em Tel Aviv.
O presidente dos EUA, George W. Bush, lançou o roteiro para a paz, que pede um Estado palestino até 2005, após o novo premiê palestino, Mahmoud Abbas, conhecido como Abu Mazen, que prometeu acabar com os ataques terroristas contra israelenses, tomar posse ontem na Cisjordânia.
Bush disse, em nota lida por seu porta-voz, Ari Fleischer: "O roteiro é um ponto de partida na direção da concretização da visão de dois Estados -um Estado de Israel seguro e uma Palestina viável, pacífica e democrática".
Muitos analistas afirmaram que deve ser difícil superar as diferenças entre os dois lados. Ontem, o grupo terrorista Hamas rejeitou a iniciativa.
O embaixador dos EUA Dan Kurtzer apresentou uma cópia do plano, elaborado por EUA, União Européia, Rússia e ONU -o Quarteto-, ao premiê israelense, Ariel Sharon, em Jerusalém. Pouco depois, Mazen recebeu outra cópia do roteiro de paz do enviado da ONU Terje Roed-Larsen em Ramallah (Cisjordânia).
Israel afirmou que o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, é esperado em 8 de maio no país, para discutir o plano. Autoridades palestinas afirmaram que Powell também deve se encontrar com Mazen durante a visita, mas não com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, que Washington acusa de ser um obstáculo à paz.
Powell falou ao telefone com Sharon e Mazen ontem. O secretário afirmou ter encorajado ambos a "fazer tudo o que estiver em seu poder" para aproveitar a nova oportunidade. Segundo ele, eles concordaram em que essa era "uma oportunidade que não deveria ser perdida".
O roteiro de paz de três anos pede, na primeira fase, passos para "construir a confiança" entre os dois lados, incluindo a suspensão da violência por palestinos e da construção de assentamentos judaicos em territórios ocupados, além do relaxamento gradual das restrições a palestinos.
Uma segunda fase, que deve ser concluída até o fim de 2003, incluiria a criação de um Estado palestino, com fronteiras provisórias. Questões mais complicadas, como quais serão as fronteiras definitivas, qual será o status de Jerusalém e o destino de refugiados palestinos foram deixadas para a última fase, em 2004 e 2005.
Pelo menos 2.018 palestinos e 737 israelenses já morreram desde o início da atual Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000, e tentativas passadas de chegar a um acordo de paz fracassaram. Os conflitos a respeito do novo plano já começaram.
Sharon afirmou ter recebido o documento para "fazer comentários sobre a redação" do texto. Já o chanceler palestino, Nabil Shaath, pediu que o roteiro de paz fosse "implementado imediatamente".
O cônsul-geral dos EUA em Jerusalém, Jeff Feldman, disse que "o roteiro de paz é uma orientação, não um tratado ou texto sagrado". Larsen também disse que a implementação seria negociada.
A principal objeção de Israel é a de que o país deva cumprir sua parte ao mesmo tempo em que os palestinos reprimem os terroristas, não depois que tenham garantido a segurança.
"Vemos o roteiro de paz como uma atividade sequencial, e não paralela", disse o funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Israel Mark Sofer.
França, Rússia, Reino Unido e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exortaram os dois lados a trabalharem para que o roteiro funcione e leve à paz.


Com agências internacionais


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