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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Visita ocorreu no dia em que soldados dos EUA mataram mais dois manifestantes e feriram 15 em Fallujah

Bush vai declarar o fim da ofensiva hoje

DA REDAÇÃO

O presidente americano, George W. Bush, anunciará hoje o fim das principais operações de guerra no Iraque, 42 dias após declarar o início. O pronunciamento, que será feito às 21h (22h em Brasília) em rede nacional, ocorrerá um dia após a visita relâmpago do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ao país.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que não haverá declaração de fim da guerra. "Ele [Bush] dirá que as principais operações de combate terminaram [conforme lhe informou o chefe das operações no Iraque, general Tommy Franks]", disse Fleischer. O pronunciamento ocorrerá a bordo do porta-aviões Abraham Lincoln, na costa da Califórnia.
No Iraque, Rumsfeld, que passou nove horas no país durante um giro de uma semana pelo Oriente Médio, encontrou-se com o chefe da administração provisória americana, o general da reserva Jay Garner, e parabenizou as tropas anglo-americanas.
O secretário também gravou um pronunciamento aos iraquianos em um palácio do ex-ditador Saddam Hussein, desaparecido desde 9 de abril, no qual diz que a coalizão "não tem intenção de tomar posse nem governar o Iraque" e "ficará no país apenas pelo tempo necessário para auxiliar a transição para a democracia".
Rumsfeld, que esteve no Iraque há 20 anos como enviado do ex-presidente Ronald Reagan (1981-89) para debater com Saddam o apoio de seu país na guerra contra o Irã (1980-88), disse crer que os países suspeitos de estarem recebendo fugitivos do regime iraquiano tenham deixado de fazê-lo. Ele pediu à população que ajudasse a coalizão a encontrar os foragidos. Os EUA acusaram a Síria de acolher aliados do ex-ditador.
"Queremos que o povo iraquiano viva em liberdade e possa construir um futuro no qual os líderes iraquianos respondam a suas necessidades, em lugar de matá-lo", declarou Rumsfeld.
Os EUA planejam que o país seja governado por uma administração interina aprovada por Washington durante dois anos, até a promoção de eleições.

Sentimento antiamericano
A visita ocorre no momento em que crescem as tensões contra a presença americana no país.
Ontem, soldados americanos mataram dois iraquianos e feriram outros 15 em Fallujah, 50 km a oeste de Bagdá. Dois dias antes, as tropas dos EUA haviam matado 15 iraquianos -incluindo três crianças- que protestavam contra a ocupação de uma escola local pelos militares. No incidente de ontem, as mortes ocorreram durante um manifestação pelas vítimas de segunda-feira.
Nos dois casos, os EUA alegam ter reagido a disparos.Testemunhas dizem que os manifestantes estavam desarmados.
Com as mortes e as falhas no fornecimento de serviços básicos à população -muitas localidades estão sem água, luz, coleta de lixo ou esgoto -, cresce o sentimento dos iraquianos contra a ocupação anglo-americana.
Segundo o general Garner, não há emergência humanitária, ainda que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha diga o contrário.
Em Bagdá, parte dos serviços foi restabelecida -o fornecimento de eletricidade alcança 50% da população, e o de água, 80%, segundo autoridades americanas.
Embora os problemas de saques persistam, a segurança estaria melhor na capital do que em outras cidades do país, onde facções locais brigam pelo poder. Bagdá conta com um contingente de 12 mil soldados americanos e aguarda a chegada de mais 4.000. Em todo o Iraque, há hoje 150 mil militares americanos.
O secretário americano do Tesouro, John Snow, disse que o FMI (Fundo Monetário Internacional) -do qual os EUA são o maior colaborador- deve contribuir na reconstrução iraquiana.


Com agências internacionais


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