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IRAQUE OCUPADO
Visita ocorreu no dia em que soldados dos EUA mataram mais dois manifestantes e feriram 15 em Fallujah
Bush vai declarar o fim da ofensiva hoje
DA REDAÇÃO
O presidente americano, George W. Bush, anunciará hoje o fim
das principais operações de guerra no Iraque, 42 dias após declarar
o início. O pronunciamento, que
será feito às 21h (22h em Brasília)
em rede nacional, ocorrerá um
dia após a visita relâmpago do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ao país.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, afirmou que não haverá
declaração de fim da guerra. "Ele
[Bush] dirá que as principais operações de combate terminaram
[conforme lhe informou o chefe
das operações no Iraque, general
Tommy Franks]", disse Fleischer.
O pronunciamento ocorrerá a
bordo do porta-aviões Abraham
Lincoln, na costa da Califórnia.
No Iraque, Rumsfeld, que passou nove horas no país durante
um giro de uma semana pelo
Oriente Médio, encontrou-se
com o chefe da administração
provisória americana, o general
da reserva Jay Garner, e parabenizou as tropas anglo-americanas.
O secretário também gravou
um pronunciamento aos iraquianos em um palácio do ex-ditador
Saddam Hussein, desaparecido
desde 9 de abril, no qual diz que a
coalizão "não tem intenção de tomar posse nem governar o Iraque" e "ficará no país apenas pelo
tempo necessário para auxiliar a
transição para a democracia".
Rumsfeld, que esteve no Iraque
há 20 anos como enviado do ex-presidente Ronald Reagan (1981-89) para debater com Saddam o
apoio de seu país na guerra contra
o Irã (1980-88), disse crer que os
países suspeitos de estarem recebendo fugitivos do regime iraquiano tenham deixado de fazê-lo. Ele pediu à população que ajudasse a coalizão a encontrar os foragidos. Os EUA acusaram a Síria
de acolher aliados do ex-ditador.
"Queremos que o povo iraquiano viva em liberdade e possa
construir um futuro no qual os líderes iraquianos respondam a
suas necessidades, em lugar de
matá-lo", declarou Rumsfeld.
Os EUA planejam que o país seja governado por uma administração interina aprovada por
Washington durante dois anos,
até a promoção de eleições.
Sentimento antiamericano
A visita ocorre no momento em
que crescem as tensões contra a
presença americana no país.
Ontem, soldados americanos
mataram dois iraquianos e feriram outros 15 em Fallujah, 50 km
a oeste de Bagdá. Dois dias antes,
as tropas dos EUA haviam matado 15 iraquianos -incluindo três
crianças- que protestavam contra a ocupação de uma escola local
pelos militares. No incidente de
ontem, as mortes ocorreram durante um manifestação pelas vítimas de segunda-feira.
Nos dois casos, os EUA alegam
ter reagido a disparos.Testemunhas dizem que os manifestantes
estavam desarmados.
Com as mortes e as falhas no
fornecimento de serviços básicos
à população -muitas localidades
estão sem água, luz, coleta de lixo
ou esgoto -, cresce o sentimento
dos iraquianos contra a ocupação
anglo-americana.
Segundo o general Garner, não
há emergência humanitária, ainda que o Comitê Internacional da
Cruz Vermelha diga o contrário.
Em Bagdá, parte dos serviços foi
restabelecida -o fornecimento
de eletricidade alcança 50% da
população, e o de água, 80%, segundo autoridades americanas.
Embora os problemas de saques
persistam, a segurança estaria
melhor na capital do que em outras cidades do país, onde facções
locais brigam pelo poder. Bagdá
conta com um contingente de 12
mil soldados americanos e aguarda a chegada de mais 4.000. Em
todo o Iraque, há hoje 150 mil militares americanos.
O secretário americano do Tesouro, John Snow, disse que o
FMI (Fundo Monetário Internacional) -do qual os EUA são o
maior colaborador- deve contribuir na reconstrução iraquiana.
Com agências internacionais
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