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DIREITOS HUMANOS
Ministro da Cultura diz esperar que "essas coisas deixem de acontecer"; Caetano assina manifesto contra Fidel
Repressão em Cuba é "lamentável", diz Gil
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, classificou ontem como "uma
intolerância" e "lamentável" a
execução por fuzilamento de três
homens acusados de sequestro de
um barco e condenados à morte
em Cuba, no dia 11 de abril.
"Há muito tempo que a gente
espera que essas intolerâncias
(execução) no campo do relacionamento entre as pessoas e o Estado e os governos se abrandem e
que pessoas não tenham que ser
executadas por causa de problemas", disse Gil durante visita ontem à tarde a Belém (PA).
O regime do ditador Fidel Castro também vem sendo criticado
por promover uma onda de repressão a opositores. Cerca de 75
dissidentes foram condenados a
penas altas de prisão.
"É um alerta lamentável em relação à ocorrência disso em qualquer lugar. O que espero é que
também em Cuba essas coisas
possam deixar de acontecer",
completou o ministro.
Questionado se pretendia assinar algum tipo de carta contra as
execuções em Cuba, assim como
seu amigo, o cantor e compositor
Caetano Veloso, e outros artistas,
Gil disse que não havia planejado
nada. Ele não se manifestou sobre
a carta assinada por Caetano.
O nome de Caetano aparece ao
lado dos de mais de 50 artistas e
intelectuais, na maioria espanhóis, numa carta que condena as
execuções e a repressão em Cuba.
Assinaram o documento também
os cineastas Pedro Almodóvar e
Fernando Trueba, o filósofo Fernando Savater, os atores Javier
Bardem e Ariadna Gil e o músico
Joan Manuel Serrat, entre outros.
A onda de repressão cubana
também foi criticada em outro
texto, assinado por 32 acadêmicos
de esquerda radicados nos EUA,
entre eles o palestino Edward
Said, o chileno Ariel Dorfman e o
americano Noam Chomsky. "Pedimos ao governo de Fidel Castro
que liberte todos os presos políticos e deixe que o povo cubano fale, escreva e se organize com liberdade", diz a carta, publicada pelo
jornal espanhol "La Jornada".
Numa outra mensagem publicada ontem pelo "Jornada", o escritor colombiano Gabriel García
Márquez ratificou seu apoio a Fidel, dizendo que suas declarações
contra a pena de morte, em resposta a críticas da escritora Susan
Sontag por não ter se manifestado
sobre a repressão em Cuba, haviam sido "manipuladas".
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, por
sua vez, disse que o papa João
Paulo 2º segue "confiando" em
Fidel e acredita que "o diálogo
contribuirá para a democratização do país".
Acordo
A Comissão Européia decidiu
ontem arquivar um pedido de
Cuba para ingressar no chamado
Acordo de Cotonu, que integra 78
países de África, Caribe e Pacífico
com a União Européia, em resposta à repressão contra dissidentes. O órgão havia anunciado em
fevereiro seu apoio à entrada de
Cuba no acordo, que inclui questões políticas, comerciais e assistenciais.
"Obviamente a situação mudou", disse ontem em Bruxelas
um porta-voz do comissário de
relações exteriores do órgão,
Chris Patten. "Produziu-se uma
deterioração política muito grave
diante da qual a comissão não podia ficar em silêncio", disse.
O regime de Fidel conseguiu,
por outro lado, uma pequena vitória política anteontem ao ser
reeleito, para um mandato de
mais três anos, como membro da
Comissão de Direitos Humanos
da ONU, presidida atualmente
pela Líbia (país que também é
acusado de graves violações aos
direitos humanos e de apoio ao
terrorismo). O governo cubano
afirmou ontem que a reeleição do
país para a comissão da ONU é
"um reconhecimento da contribuição da ilha para os direitos humanos em todo o mundo".
Em texto publicado no jornal
oficial "Granma", o governo diz
que a reeleição do país é uma "vitória" que "contrasta com a embaraçosa derrota dos EUA em
2001", quando os americanos perderam seu assento na comissão
de 53 membros. Os EUA acabaram voltando à comissão no ano
passado. Cuba permanece no
grupo desde 1989.
Com agências internacionais e "El País"
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