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Ex-fascista vai presidir a Câmara na Itália
Gianfranco Fini, que reformulou partido dos herdeiros de Mussolini, defende linha dura contra imigrantes
DA REDAÇÃO
Gianfranco Fini, 56, ex-saudosista do fascismo e hoje líder
da direitista Aliança Nacional,
foi ontem eleito presidente da
Câmara dos Deputados italiana. Na segunda-feira, Gianni
Alemanno, do mesmo partido,
se elegera prefeito de Roma, o
que dá a essa corrente conservadora, aliada do futuro primeiro-ministro Silvio Berlusconi, proeminência institucional inédita desde o final da Segunda Guerra.
Fini, que é visto como o provável sucessor político de Berlusconi, reuniu ontem, na quarta votação em plenário, o apoio
de 355 dos 611 deputados eleitos em 13 e 14 de abril.
Ele mudou o rumo de seu
partido, procurando dissociá-lo do fascismo e dos saudosos
do ditador Benito Mussolini
(1922-1943). Militante desde os
17 anos, em 1987 ele sucedeu
Giorgio Almirante na presidência do neofascista MSI (Movimento Social Italiano).
Em 1994, o partido foi dissolvido, com a criação em seu lugar da atual Aliança Nacional,
que se apresenta como um partido republicano da direita, defensor do pluripartidarismo e
sem o ranço anti-semita.
Ainda ontem, em seu primeiro discurso, ele apelou aos povos do Mediterrâneo -judeus,
cristãos e muçulmanos- ao
mútuo respeito de suas diferentes identidades, como forma de evitar os extremismos.
Também elogiou o papa Bento 16, "guia espiritual da maioria dos italianos" e anunciou
que instalaria na Câmara uma
sala para fumantes. Ele próprio
é um fumante compulsivo.
Fini foi ministro das Relações Exteriores entre 2004 e
2006, no último governo Berlusconi, derrubado pelas legislativas que deram lugar ao efêmero governo de centro-esquerda de Romano Prodi.
Em visita a Israel, em 2003,
ele qualificou o fascismo de "a
expressão do mal absoluto" e
criticou as leis de discriminação racial adotadas na Itália para seguir o exemplo da Alemanha de Hitler. Também afirmou ter mudado de idéia com
relação a Mussolini, por ele designado, dez anos antes, como
"o maior estadista italiano do
século 20".
Durante a campanha legislativa, a Aliança Nacional atribuiu o aumento da criminalidade à política de tolerância com
os imigrantes. Seus dirigentes
chegaram a defender a derrubada com tratores, em cidades
italianas, dos acampamentos
de ciganos vindos da Romênia.
A Reuters lembrou ontem
que, ainda na semana passada,
em campanha por Alemanno à
Prefeitura de Roma, Fini interpelou imigrantes numa feira
em praça pública, forçando-os
a mostrar papéis de residente.
Paradoxalmente, Fini passa
por um moderado diante de outro aliado de Berlusconi. Umberto Bossi, líder da Liga Norte,
chegou a defender recentemente o uso de armas de fogo
para forçar os imigrantes ilegais a deixarem a Itália.
A eleição do início de abril
deu maioria à coalizão de Berlusconi no Parlamento. A centro-esquerda liderada pela Partido Democrático, última versão do outrora poderoso Partido Comunista Italiano, ficou
em minoria. A esquerda e os
verdes não conseguiram o percentual mínimo de votos para
ter representação parlamentar.
Com agências internacionais
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