São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Para polícia, família não sabia de abusos no porão

Austríaca foi refém-sexual do pai por 24 anos em casa

DA REDAÇÃO

A estrutura do porão onde Elisabeth Fritzl, 42, foi mantida desde os 18 anos como refém sexual do próprio pai permitia que passasse semanas sem contato com o exterior, afirmou ontem a polícia austríaca. Equipado com gerador e estrutura de uma pequena casa -cozinha, banheiro, três quartinhos, geladeira e até uma máquina de lavar-, o porão de 60 m2 por 1,70 m foi a prisão de Elisabeth e de seus filhos nascidos da relação incestuosa.
"A investigação indica que o acusado [Josef Fritzl] atuou sozinho. Não há indícios de que haja um cúmplice, embora não se possa descartar nenhuma possibilidade", disse o chefe de polícia da Baixa Áustria, Franz Polzer. A estrutura, diz, "permitia que [Elisabeth e os filhos] ficassem no subsolo por semanas", sem que Fritzl ou um cúmplice os abastecesse.
Imagens de férias do patriarca na Tailândia e em Chipre acirraram anteontem especulações sobre a cumplicidade de parentes -o depoimento de Elisabeth inocenta a mãe, Rosemarie, e os seis irmãos. Polzer diz que tampouco há indícios da participação de Fritzl na morte de uma jovem em 1984 e não comentou a acusação de um estupro, em 1967 -suspeitas também divulgadas anteontem pela imprensa.
"Nossas investigações estão centradas no que aconteceu no porão", afirmou. Segundo ele, os filhos de Elisabeth não sofreram abusos sexuais.
A polícia vai ouvir moradores da cidadezinha de Amstetten (130 km de Viena) para entender como foi possível manter segredo sobre os horrores do porão por 24 anos. Cem pessoas que viveram na vizinhança nos últimos 25 anos devem depor. Visto como um senhor respeitável por vizinhos, o patriarca foi descrito como homem autoritário pelos Fritzl.
Ele teve autorização para iniciar as obras no subsolo de casa em 1983. Elisabeth conta que em 1984 foi atraída ao local pelo pai, dopada e trancafiada. Ele obrigou a filha a escrever uma carta à mãe dizendo que havia entrado para uma seita.
Uma porta de concreto, escondida atrás de uma estante e protegida por um código só conhecido por Fritzl, dava acesso ao porão. Segundo a polícia, o engenheiro elétrico instalou um mecanismo para permitir que a porta fosse aberta por dentro, com ferramentas que ficavam no subsolo, caso algo impossibilitasse seu retorno.

Aniversário em família
Berthold Kepplinger, diretor da clínica onde Elisabeth, cinco dos sete filhos que teve com o pai e a mãe dela estão recolhidos, disse que "a impressão é que a família está bem, levando em conta as circunstâncias".
Os Fritzl até comemoraram o aniversário de uma das crianças, que completou 12 anos na terça. O garoto é gêmeo do bebê que morreu e teve o corpo incinerado por Fritzl. Ele e duas irmãs eram criados por Rosemarie -o pai-avô os levou, bebês, para a casa da família, simulando abandono por Elisabeth. Os outros três filhos passaram a vida no porão. Só a internação recente da mais velha, Kerstin, 19, trouxe à tona o segredo.


Com agências internacionais

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