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Para polícia, família não sabia de abusos no porão
Austríaca foi refém-sexual do pai por 24 anos em casa
DA REDAÇÃO
A estrutura do porão onde
Elisabeth Fritzl, 42, foi mantida desde os 18 anos como refém
sexual do próprio pai permitia
que passasse semanas sem contato com o exterior, afirmou
ontem a polícia austríaca. Equipado com gerador e estrutura
de uma pequena casa -cozinha, banheiro, três quartinhos,
geladeira e até uma máquina de
lavar-, o porão de 60 m2 por
1,70 m foi a prisão de Elisabeth
e de seus filhos nascidos da relação incestuosa.
"A investigação indica que o
acusado [Josef Fritzl] atuou sozinho. Não há indícios de que
haja um cúmplice, embora não
se possa descartar nenhuma
possibilidade", disse o chefe de
polícia da Baixa Áustria, Franz
Polzer. A estrutura, diz, "permitia que [Elisabeth e os filhos]
ficassem no subsolo por semanas", sem que Fritzl ou um
cúmplice os abastecesse.
Imagens de férias do patriarca na Tailândia e em Chipre
acirraram anteontem especulações sobre a cumplicidade de
parentes -o depoimento de
Elisabeth inocenta a mãe, Rosemarie, e os seis irmãos. Polzer diz que tampouco há indícios da participação de Fritzl
na morte de uma jovem em
1984 e não comentou a acusação de um estupro, em 1967
-suspeitas também divulgadas
anteontem pela imprensa.
"Nossas investigações estão
centradas no que aconteceu no
porão", afirmou. Segundo ele,
os filhos de Elisabeth não sofreram abusos sexuais.
A polícia vai ouvir moradores
da cidadezinha de Amstetten
(130 km de Viena) para entender como foi possível manter
segredo sobre os horrores do
porão por 24 anos. Cem pessoas que viveram na vizinhança nos últimos 25 anos devem
depor. Visto como um senhor
respeitável por vizinhos, o patriarca foi descrito como homem autoritário pelos Fritzl.
Ele teve autorização para iniciar as obras no subsolo de casa
em 1983. Elisabeth conta que
em 1984 foi atraída ao local pelo pai, dopada e trancafiada.
Ele obrigou a filha a escrever
uma carta à mãe dizendo que
havia entrado para uma seita.
Uma porta de concreto, escondida atrás de uma estante e
protegida por um código só conhecido por Fritzl, dava acesso
ao porão. Segundo a polícia, o
engenheiro elétrico instalou
um mecanismo para permitir
que a porta fosse aberta por
dentro, com ferramentas que
ficavam no subsolo, caso algo
impossibilitasse seu retorno.
Aniversário em família
Berthold Kepplinger, diretor
da clínica onde Elisabeth, cinco
dos sete filhos que teve com o
pai e a mãe dela estão recolhidos, disse que "a impressão é
que a família está bem, levando
em conta as circunstâncias".
Os Fritzl até comemoraram o
aniversário de uma das crianças, que completou 12 anos na
terça. O garoto é gêmeo do bebê
que morreu e teve o corpo incinerado por Fritzl. Ele e duas irmãs eram criados por Rosemarie -o pai-avô os levou, bebês,
para a casa da família, simulando abandono por Elisabeth. Os
outros três filhos passaram a
vida no porão. Só a internação
recente da mais velha, Kerstin,
19, trouxe à tona o segredo.
Com agências internacionais
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