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FHC critica "uso unilateral da
força" da Otan contra Iugoslávia
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem a
Otan por ter buscado "uma estratégia de solução baseada no uso
unilateral da força" para atuar no
conflito em Kosovo, sem que, para
isso, tivesse apoio do Conselho de
Segurança da ONU.
FHC também disse que, apesar
de condenar a forma de ação da
Otan, o Brasil não podia "aceitar as
violações sistemáticas de direitos
humanos" ocorridas em Kosovo.
"Que, nesse caso, atingem níveis
que evocam algumas das memórias mais tristes e obscuras de nosso século", afirmou o presidente.
Essa aparente contradição das
afirmações, feitas ontem durante
discurso no Palácio do Itamaraty
na formatura de 35 novos diplomatas, se repetiu nas declarações
de FHC na Alemanha e no Reino
Unido, há duas semanas.
No encontro com o chanceler
(premiê) alemão, Gerhard Schroeder, o presidente apoiou a proposta dele de submeter ao Conselho de
Segurança as ações de ataque da
Otan. O mesmo foi dito ao premiê
britânico, Tony Blair.
Essa incoerência entre discurso e
ação havia sido revelada no início
do conflito, quando o Itamaraty
divulgou nota criticando o ataque
da Otan e, logo depois, o representante do Brasil no Conselho de Segurança votou a favor da ofensiva.
O chanceler Luiz Felipe Lampreia disse que, "apesar de a ação
da Otan se realizar por ponderáveis motivações humanitárias (...),
ela é atestado preocupante de que
as instituições e o direito internacional ainda não se conseguiram
impor definitivamente".
Para Lampreia, "em última instância", a ordem mundial tem sido
regida "pelo exercício do poder
econômico e militar". "E, ao Brasil
e à grande maioria das nações, não
interessa tal estado de coisas. Faz
sentido, portanto, que trabalhemos por mudanças."
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