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EUROPA
Decisão é novo sinal de que as políticas antiimigração, bandeira da extrema direita, ganham força no continente
Dinamarca endurece regras para imigração
DA REDAÇÃO
O Parlamento dinamarquês
aprovou ontem uma nova lei que
endurece as regras para imigração
e asilo. A mudança torna a lei local
uma das mais rígidas em toda a
Europa, dificultando os pedidos
de asilo para estrangeiros, a concessão de vistos de residência e o
acesso ao sistema de bem-estar
social do país.
A aprovação ocorre ao mesmo
tempo em que o governo do Reino Unido discute uma nova regra
que permitiria a deportação de refugiados que tiveram seus pedidos de asilo negados antes mesmo
de uma possível apelação.
As medidas são vistas como
parte do movimento antiimigração na Europa. No mês passado, o
movimento político do líder xenófobo holandês Pim Fortuyn,
assassinado por um militante ambientalista, tornou-se a segunda
força política do país. Em abril, o
líder da extrema direita francesa,
Jean-Marie Le Pen, causou surpresa ao passar ao segundo turno
da eleição presidencial.
Anteontem, ministros europeus
anunciaram a intenção de criar
uma polícia comum para o combate à imigração ilegal em todos
os países da União Européia.
A alteração na lei de imigração
dinamarquesa havia sido proposta pelo governo de centro-direita,
que tomou posse em novembro
prometendo proteger o sistema
de bem-estar social do país contra
a "exploração por estrangeiros".
A lei, aprovada pelo Parlamento
por 59 votos a 48, com 70 abstenções, entra em vigor no dia 1º de
julho. O apoio do Partido Popular
Dinamarquês, de extrema direita,
garantiu a aprovação do projeto.
"Por muitos anos, nós buscamos uma lei de imigração mais
forte e mais justa, que esteja de
acordo com a situação atual do
mundo moderno", disse Else
Theill Soerensen, do governista
Partido Conservador. "Nós conseguimos e estamos orgulhosos
disso", afirmou.
A mudança já era esperada desde a vitória da coalizão de centro-direita, nas eleições do ano passado, antecipando uma onda de
mudanças para a direita em governos de diversos países europeus. "A mudança para a direita
havia acontecido no ano passado,
mas agora vemos a sua manifestação", afirmou o cientista político
Steen Sauerberg após a votação.
Críticas
A nova legislação gerou fortes
críticas por parte dos partidos de
oposição da esquerda, do Alto
Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados (Acnur) e de outros países europeus -principalmente a vizinha Suécia, que acusou a Dinamarca de culpar os refugiados por seus problemas em
vez de ajudá-los a se integrar na
sociedade.
"Este é parte do movimento que
vemos em toda a Europa", afirma
Muharrem Aydas, da Poem, organização de defesa dos imigrantes.
"O debate populista deveria terminar e os legisladores deveriam
optar por uma discussão mais
realista, baseada em fatos", afirmou.
O Acnur acusou ontem os partidos europeus de direita, que cresceram explorando os temores sobre uma crescente onda de imigrantes e refugiados, de se basearem em dados equivocados.
Segundo o porta-voz do organismo, Rupert Colville, o número
de refugiados em busca de asilo
na Europa caiu quase à metade na
última década. "Se você olhar as
estatísticas, encontrará pouco
apoio à idéia que prevalece em
muitos países europeus de que estão sendo inundados por pedidos
de asilo fraudulentos", disse.
O número de pessoas que buscavam asilo em países da União
Européia em 1992 foi de 675.460,
sendo que dois terços deles foram
para a Alemanha. No ano passado, o total de pedidos de asilo foi
de 384.530, com Alemanha e Reino Unido recebendo 88 mil pedidos cada. Segundo Colville, o
grande número de pedidos de asilo no começo dos anos 90 foi causado pelos conflitos na antiga Iugoslávia.
Com agências internacionais
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