São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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Imigrantes têm pouco peso na população da UE

ARNAUD LEPARMENTIER
DO "LE MONDE", EM BRUXELAS

Mesmo a União Européia querendo reforçar o combate à imigração clandestina e instituir uma política de proteção das fronteiras, a Comissão Européia, na quarta-feira, divulgou um relatório mostrando que a UE abriga relativamente poucos estrangeiros vindos de fora dela própria. Esses imigrantes extracomunitários chegam a só 13 milhões (3,5% da população da UE).
Seu número cresceu 50% em 15 anos, principalmente por causa do fluxo de imigrantes vindos do Leste Europeu e dos Bálcãs após a queda do Muro de Berlim e da guerra na ex-Iugoslávia, mas seu peso na população total ainda é muito inferior aos 6,6% de estrangeiros que vivem nos EUA.
Dois terços dos europeus orientais e dos Bálcãs optaram por viver na Alemanha. O resultado é que esse país, que também abriga três quartos dos turcos que vivem na União Européia, é o que tem mais estrangeiros extracomunitários (5,5 milhões), muito mais do que a França (2,1 milhões), o Reino Unido (1,4 milhão) e a Itália (1,1 milhão).
A cifra alemã é elevada porque os filhos de imigrantes nascidos na Alemanha não têm nacionalidade alemã, já que foi apenas recentemente que o país adotou o "direito do solo" em sua legislação. Em outras palavras, os filhos de turcos, na Alemanha, continuam sendo turcos, enquanto os filhos de norte-africanos nascidos na França são franceses. A Europa tem 2,7 milhões de turcos e 2,3 milhões de norte-africanos, mas, na realidade, não há dúvida de que o número de pessoas do norte da África que vivem na Europa é muito maior do que o de turcos.
Em 2000, a UE acolheu 680 mil extracomunitários, ou seja, 0,2% de sua população (os EUA; nos anos 90, recebeu 0,33%). Apesar disso, essa imigração foi responsável por 70% do crescimento demográfico da UE, que é muito baixo, já que as mulheres européias não têm mais do que 1,4 filho, em média, ao longo de suas vidas, contra 2,1 nos EUA -o que é o número necessário para renovar a população.
A Comissão aproveitou esse relatório para desmentir a idéia segundo a qual a imigração permitiria resolver o problema do inevitável envelhecimento da população européia.
Hoje, a UE tem em média 1 habitante de mais de 65 anos para cada 4 com de 15 a 65. Com uma taxa de fecundidade estável e uma imigração anual em alta ligeira, haveria, em 2050, 1 idoso para cada 2 jovens. Se as mulheres começassem a ter em média 2,2 filhos e o fluxo anual de imigrantes subisse para 1,2 milhão, mesmo assim não haveria mais do que 2,5 jovens para cada idoso.
O aumento da imigração e da natalidade não bastaria para resolver o problema. E os imigrantes se adaptam aos hábitos europeus, passando a ter menos filhos. No longo prazo, o rejuvenescimento da população por causa deles é limitado.



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