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Imigrantes têm pouco peso na
população da UE
ARNAUD LEPARMENTIER
DO "LE MONDE", EM BRUXELAS
Mesmo a União Européia
querendo reforçar o combate à
imigração clandestina e instituir uma política de proteção
das fronteiras, a Comissão Européia, na quarta-feira, divulgou um relatório mostrando
que a UE abriga relativamente
poucos estrangeiros vindos de
fora dela própria. Esses imigrantes extracomunitários chegam a só 13 milhões (3,5% da
população da UE).
Seu número cresceu 50% em
15 anos, principalmente por
causa do fluxo de imigrantes
vindos do Leste Europeu e dos
Bálcãs após a queda do Muro
de Berlim e da guerra na ex-Iugoslávia, mas seu peso na população total ainda é muito inferior aos 6,6% de estrangeiros
que vivem nos EUA.
Dois terços dos europeus
orientais e dos Bálcãs optaram
por viver na Alemanha. O resultado é que esse país, que
também abriga três quartos
dos turcos que vivem na União
Européia, é o que tem mais estrangeiros extracomunitários
(5,5 milhões), muito mais do
que a França (2,1 milhões), o
Reino Unido (1,4 milhão) e a
Itália (1,1 milhão).
A cifra alemã é elevada porque os filhos de imigrantes nascidos na Alemanha não têm
nacionalidade alemã, já que foi
apenas recentemente que o
país adotou o "direito do solo"
em sua legislação. Em outras
palavras, os filhos de turcos, na
Alemanha, continuam sendo
turcos, enquanto os filhos de
norte-africanos nascidos na
França são franceses. A Europa
tem 2,7 milhões de turcos e 2,3
milhões de norte-africanos,
mas, na realidade, não há dúvida de que o número de pessoas
do norte da África que vivem
na Europa é muito maior do
que o de turcos.
Em 2000, a UE acolheu 680
mil extracomunitários, ou seja,
0,2% de sua população (os
EUA; nos anos 90, recebeu
0,33%). Apesar disso, essa imigração foi responsável por 70%
do crescimento demográfico
da UE, que é muito baixo, já
que as mulheres européias não
têm mais do que 1,4 filho, em
média, ao longo de suas vidas,
contra 2,1 nos EUA -o que é o
número necessário para renovar a população.
A Comissão aproveitou esse
relatório para desmentir a idéia
segundo a qual a imigração
permitiria resolver o problema
do inevitável envelhecimento
da população européia.
Hoje, a UE tem em média 1
habitante de mais de 65 anos
para cada 4 com de 15 a 65.
Com uma taxa de fecundidade
estável e uma imigração anual
em alta ligeira, haveria, em
2050, 1 idoso para cada 2 jovens. Se as mulheres começassem a ter em média 2,2 filhos e
o fluxo anual de imigrantes subisse para 1,2 milhão, mesmo
assim não haveria mais do que
2,5 jovens para cada idoso.
O aumento da imigração e da
natalidade não bastaria para
resolver o problema. E os imigrantes se adaptam aos hábitos
europeus, passando a ter menos filhos. No longo prazo, o
rejuvenescimento da população por causa deles é limitado.
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