São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Empresas cogitam realocar funcionários

Medo de ataques deve causar êxodo de ocidentais na Arábia Saudita

DA REDAÇÃO

O medo de novos ataques terroristas, como o que ocorreu neste fim de semana na cidade saudita de Khobar -que usou escudos humanos e deixou 29 mortos (20 deles estrangeiros)-, pode causar êxodo de trabalhadores ocidentais que vivem no país.
"Não foi alguém que pôs uma bomba e fugiu. Foram homens armados, com desejo de matar, enlouquecidos, em uma grande cidade. Não tem precedentes", disse Tom Ripley, pesquisador do Centro de Defesa e Estudos Estratégicos Internacionais britânico.
A violência do ataque assusta os estrangeiros. Os comandos sauditas, que ainda buscam três dos quatro terroristas supostamente da Al Qaeda, não conseguiram evitar um banho de sangue no drama de 25 horas do luxuoso condomínio. "Havia poças de sangue em toda a parte", disse um funcionário do Oásis. Segundo testemunhas, o corpo de um britânico foi arrastado pelas ruas.
De acordo com Ripley, o leste da Arábia Saudita, onde fica Khobar, é a região petrolífera de maior importância no mundo, e a aparente inabilidade do Estado em controlar a situação causa preocupação. A credibilidade nas instituições está fraca, afirma ele.
Um diplomata ocidental diz que de fato a segurança é uma questão crítica, mas que o governo saudita não está sob ameaça. "A cada ataque terrorista alguns ocidentais dizem "é hora de ir embora", mas eu não prevejo uma fuga em massa." Mas, caso haja outro atentado, o que é provável, o êxodo de ocidentais parece inevitável.
As grandes petrolíferas já estão considerando repatriar ou realocar funcionários. Muitos executivos pensam em se mudar para o Bahrein, a meia hora do leste saudita e com menos risco de ataques. Quatro escolas americanas já foram fechadas no leste saudita. Cerca de 6 milhões de estrangeiros trabalham no país, vitais para a indústria petrolífera.
O presidente americano, George W. Bush, condenou o ataque e elogiou ontem as forças de segurança por "salvarem muitos reféns", segundo a agência estatal saudita. O atentado foi criticado por líderes árabes e até por terroristas. "Essas ações são prejudiciais à segurança de nossos países e aos interesses do islã", afirmou o grupo palestino Hamas.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Memorial day: "Dívida não pode ser paga", diz Bush a soldados
Próximo Texto: Análise: Ataque visou a monarquia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.