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ANÁLISE
Ataque visou a monarquia
DAVID USBORNE
DO "INDEPENDENT"
Quando fizeram reféns em Khobar (Arábia Saudita), no último final de semana, os terroristas que
se identificaram como membros
da Al Qaeda mostraram escolher
seus alvos meticulosamente: muçulmanos foram libertados, e só
estrangeiros "infiéis" ficaram detidos. Alguns deles foram mortos.
Mas eles tinham outro alvo em
mente: a família real saudita.
A Casa de Saud, que conta com
mais 20 mil pessoas e controla o
reino desde a década de 20, é considerada suspeita por quase todos
os que não fazem parte dela. Até
os americanos já reclamaram de
seus falhas no combate ao terrorismo desde o 11 de Setembro.
Mas ainda mais importante é o
ódio que muitos sauditas nutrem
por ela. Eles a consideram corrupta e, até certo ponto, fraca. O rei
Fahd está essencialmente incapacitado desde que sofreu um derrame, em 1995. Abdullah, o príncipe
regente, já tem quase 80 anos. Ele
representa o país no exterior e, na
prática, o governa.
A monarquia mantém controle
quase absoluto da sociedade.
Quase todos os ministérios são
controlados por ela, e até os embaixadores são seus membros.
Entretanto a Casa de Saud enfrenta inúmeras ameaças. Muitos
príncipes mais jovens estão frustrados com o governo da velha
guarda, que eles consideram esclerótica, corrupta e gentil com os
EUA e os interesses americanos,
apesar da recente saída das tropas
americanas do território saudita.
Ademais, há a sombra de Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda. De origem saudita e membro
de uma poderosa família de empresários sauditas (sem parentesco com a realeza), ele atrai apoio
na sociedade saudita ao desprezo
que nutre pelos governantes. Ele é
a voz daqueles que pensam que a
Arábia Saudita deveria ser uma
teocracia islâmica por ser a terra
do profeta Muhammad.
O colapso da Casa de Saud ainda é difícil de ser imaginado. Pressionada pelos EUA, a monarquia
prometeu tomar medidas liberalizantes, mas pouco foi feito. Há até
dúvidas sobre a realização de eleições em 14 municipalidades ainda
neste ano. Riad insiste em que elas
ocorrerão, mas alguns analistas
permanecem pessimistas.
Porém ainda mais grave para a
família real pode ser as táticas
agora usadas pela Al Qaeda. Embora os governantes neguem, especialistas dizem que o país continua funcionando por conta do talento e do trabalho de estrangeiros, a maioria não-muçulmana.
São eles que mantém a aviões no
ar e o petróleo no mercado.
Os terroristas querem pôr medo
nos estrangeiros, que podem acabar deixando o país. Se isso ocorrer, quem manterá a Arábia Saudita funcionando? Se ela não funcionar, o que fará a Casa de Saud?
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