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GUERRA SEM LIMITES
Para a ONG, a prisão é como gulag
Bush diz que acusação da Anistia sobre Guantánamo é "absurda"
PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, classificou ontem de
"absurdo" um relatório da Anistia Internacional que acusou o
país de colaborar para um retrocesso na defesa dos direitos humanos.
Na divulgação do relatório, há
uma semana, a secretária-geral da
Anistia, Irene Khan, afirmou que
a base norte-americana de Guantánamo, em Cuba -para onde
são levados os suspeitos de terrorismo-, é o "gulag dos tempos
atuais", em uma referência aos
campos de trabalhos forçados da
extinta União Soviética.
Ontem, Bush afirmou que era
uma "declaração absurda" e que
"os Estados Unidos são um país
que promove a liberdade ao redor
do mundo". Na avaliação do presidente, "pareceu que eles basearam algumas de suas decisões em
declarações de pessoas que estavam detidas, pessoas que odeiam
a América".
Em resposta, o diretor-executivo da Anistia Internacional nos
EUA, William F. Schulz, disse: "O
que é absurdo é a tentativa do presidente Bush de negar as políticas
deliberadas de sua administração,
que deteve indivíduos sem acusação ou julgamento nas prisões em
Guantánamo, Bagram [Afeganistão] e outros locais. O que é absurdo e ultrajante é a falência do governo em fazer uma investigação
profunda e independente".
"Esse governo nunca acha "absurdo" quando criticamos Cuba
ou a China, ou quando condenamos as violações cometida no Iraque sob o regime de Saddam Hussein", afirmou.
O relatório da Anistia foi divulgado pouco depois de uma investigação militar ter confirmado casos em que o Alcorão, livro sagrado para os seguidores do islamismo, foi profanado por interrogadores e guardas em Guantánamo.
O relatório, no entanto, não confirmou que o Alcorão tivesse sido
jogado em uma privada -informação dada pela revista "Newsweek" que gerou protestos em todo o mundo muçulmano. A revista se retratou, em meio a intensa
pressão da Casa Branca.
Há algumas semanas, o jornal
"The New York Times" relatou a
história de um motorista de táxi
afegão que morreu sob tortura na
prisão de Bagram sob custódia
dos EUA.
Além de Bush, o vice-presidente, Dick Cheney, também saiu em
defesa do governo. Em entrevista
à CNN, disse que se sentiu "ofendido" com o relatório. "Para a
Anistia Internacional sugerir que
de algum modo os EUA são violadores dos direitos humanos, eu
francamente simplesmente não
os levo a sério", afirmou o vice-presidente.
"Algumas vezes há alegações de
maus-tratos, mas, se você for investigar, em quase todos os casos
elas vieram de alguém que estava
preso, foi solto e agora fica contando mentiras sobre como foi
tratado", disse Cheney.
De acordo com o vice, os prisioneiros de Guantánamo "têm sido
bem tratados, de maneira humana e decente".
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