São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Washington aceita negociar com Teerã se ação nuclear for suspensa

Irã rejeita precondição, e agência oficial classifica proposta de "propaganda"

DA REDAÇÃO

O governo norte-americano, em uma mudança de atitude em relação ao Irã, declarou que poderia se juntar ao grupo de países europeus em negociações com Teerã caso o programa de enriquecimento de urânio desenvolvido em solo iraniano seja interrompido. Para os EUA, o projeto visa a construção de uma bomba atômica.
Kazem Jalali, porta-voz da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, disse que se os EUA querem sentar-se à mesa de negociações, devem fazê-lo sem estabelecer precondições.
"O fato de o governo norte-americano demonstrar-se disposto a entrar nas negociações é um fato positivo, mas suas precondições não são apropriadas", disse Jalali. A agência oficial de notícias do Irã classificou a proposta de Washington como "propaganda".
Condoleezza Rice, secretária norte-americana de Estado, declarou que "é hora de saber se o Irã é sério em relação às negociações ou não". Ela repetiu a posição americana, de que "todas as opções" estão sobre a mesa, mas prometeu um aumento da colaboração econômica com o Irã se o país abandonar suas ambições nucleares. Os EUA não têm relações com o governo iraniano desde 1979.

Ceticismo
Os países europeus envolvidos nas conversações com o Irã elogiaram o anúncio do governo dos EUA, mas diplomatas se mostraram céticos quanto aos resultados práticos.
"Creio que será difícil o Irã dizer sim. E os americanos talvez não queiram realmente que eles digam sim", disse à agência de notícias Reuters um diplomata europeu que acompanha o assunto. "Mas Bush pode dizer que foram os iranianos -e não Washington- que rejeitaram o diálogo."
Segundo um alto funcionário da administração Bush, que também falou à Reuters, Washington crê que já exista um consenso entre os países participantes das conversações -Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China- que, se a proposta não for aceita, todos apoiariam a aplicação de sanções ao Irã por meio do Conselho de Segurança da ONU. Rússia e China colocaram anteriormente objeções sobre punir o governo iraniano por meio do Conselho de Segurança.
Mohamed ElBaradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, disse encorajar a aceitação do Irã para tomar parte nas negociações com inclusão dos EUA.
O presidente dos EUA, George W. Bush disse que o país estava tomando uma "posição de liderança" para resolver a questão de maneira diplomática.


Com agências internacionais


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