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Rússia e EUA negam atrito após detenção de "espiões"
Após reagir a acusações, Moscou diz que caso não deve prejudicar relação
Desejo de superação do episódio é reforçado por americanos; detidos nos EUA incluem "sedutora" e ex-colega de Calderón
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um dia após dar fortes declarações de rechaço às acusações de espionagem feitas
pelos EUA, a Rússia baixou o
tom ontem e disse que o episódio não deve prejudicar as
relações entre os países, que
têm evoluído recentemente.
Na véspera, apesar da reação de Moscou, Washington
já havia procurado reduzir a
temperatura do caso ao evitar dirigir críticas diretamente à cúpula do governo russo
e descartar danos à relação.
"Esperamos que o caso da
prisão nos EUA de pessoas
suspeitas de espionar para a
Rússia não atinja nossas relações", disse um funcionário
da Chancelaria russa, que na
véspera havia qualificado como "infundadas e descabidas" as acusações dos EUA.
Moscou já admitira que alguns dos detidos são russos,
mas rejeitara as acusações.
O Departamento de Estado
disse ontem não prever aplicação de "nenhuma medida
diplomática suplementar por
enquanto". Segundo o porta-voz P.J. Crowley, os EUA desejam "superar" o incidente.
Na última segunda, o Departamento de Estado americano anunciou a detenção na
véspera de 10 dos 11 acusados de integrar um programa
de espionagem da agência de
inteligência russa SVR, uma
sucessora da soviética KGB.
O 11º suspeito foi preso anteontem em Chipre ao tentar
sair da ilha mediterrânea em
direção à Hungria. Ele foi, no
entanto, liberado após pagar
fiança e ontem desapareceu.
Chipre emitiu mandado de
prisão contra o suspeito.
Segundo a denúncia apresentada, agentes secretos da
Rússia viviam havia anos nos
EUA como casais americanos
e tinham como objetivo se inserir em "esferas de tomada
de decisão", recrutar fontes e
enviar informações ao país.
Para analistas, não é vantajoso a nenhum país retroceder na política de "recomeço" das relações proposta pelo americano Barack Obama.
EUA e Rússia são parceiros
hoje em assuntos como o impasse nuclear iraniano, a logística de abastecimento do
conflito afegão e o desarmamento nuclear, entre outros.
OS SUSPEITOS
Paralelamente ao desenrolar diplomático do episódio,
pipocam desde a última segunda detalhes das histórias
dos suspeitos que parecem
saídas de roteiros de filme.
Uma das detidas, referida
como Anna Chapman, 28, foi
apelidada de "femme fatale"
e "Bond girl" pela beleza, e
seu perfil no site de relacionamentos Facebook tornou-se um chamariz na internet.
Segundo o governo americano, Chapman residia em
Manhattan (Nova York), dirigia um negócio imobiliário e
seduzia potenciais fontes de
informação.
Outro detido, o "canadense" Donald Heathfield, obteve um mestrado em administração pública em Harvard
há dez anos, tendo sido colega do atual presidente mexicano, Felipe Calderón.
Uma terceira presa, Vicky
Peláez, 55, de origem peruana, mantinha uma coluna no
"La Prensa", jornal nova-iorquino de língua espanhola.
Ela é casada com Juan Lázaro -outro dos presos, nascido no Uruguai-, flagrado,
segundo o FBI (polícia federal), recebendo dinheiro e
reunindo-se com representantes de Moscou em 2007.
Aparentemente, nenhum
dos suspeitos conseguiu informações sigilosas, motivo
pelo qual eles não são acusados de espionagem, mas sim
de não se registrar como
agentes estrangeiros e lavagem de dinheiro.
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