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Tribunal da ONU indicia membros do xiita Hizbollah
Dois integrantes do grupo são acusados por atentado que matou em 2005 o ex-premiê libanês Rafik Hariri
Justiça tem 30 dias para emitir ordens de prisão; sigla não se pronuncia, e decisão inspira temor de eclosão de violência
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O tribunal da ONU que investiga o assassinato do ex-premiê libanês Rafik Hariri emitiu quatro ordens de prisão -duas contra membros do grupo xiita Hizbollah.
Seis anos após o crime que mudou o cenário político no Líbano, o procurador-geral do país recebeu os indiciamentos. Ele tem 30 dias para executar as ordens de prisão.
Os quatro acusados são cidadãos libaneses, dois deles membros do Hizbollah, um dos principais partidos e a maior força militar do país.
As suspeitas de envolvimento do Hizbollah no assassinato são motivo permanente de tensão política no país.
O grupo xiita acusa o tribunal da ONU de ser uma conspiração dos EUA e de Israel. Porém, a investigação foi solicitada e é em parte financiada pelo governo libanês.
No início do ano, em protesto contra a investigação, o Hizbollah e seus aliados se retiraram do gabinete, derrubando o governo de união chefiado por Saad Hariri, filho do líder assassinado.
Hariri comemorou o anúncio dos indiciamentos. "Depois de muitos anos de paciência e luta, hoje [ontem] testemunhamos um momento histórico na política, justiça e segurança do Líbano."
Najib Mikati, o premiê apontado pelo Hizbollah que formou o novo governo neste mês, fez um discurso dúbio. Ele destacou a importância de que a verdade sobre o atentado contra Hariri seja revelada, mas advertiu que não deixará os indiciamentos desestabilizarem o país.
A liderança do Hizbollah, que nega envolvimento no crime, não se manifestou. Em novembro, o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que iria "cortar a mão" de quem tentasse prender membros do grupo.
As ameaças despertaram temores de uma nova explosão de violência sectária, num país ainda marcado pela guerra civil (1975 e 1990).
O líder político e empresário sunita Rafik Hariri era o homem mais rico e influente do país ao ser assassinado, em fevereiro de 2005, numa explosão na orla de Beirute que deixou outros 21 mortos.
O atentado, além de dividir ainda mais o país, gerou uma pressão internacional que levou à retirada da Síria, após 29 anos de presença militar no Líbano.
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