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Britânicos não sabem o que
fazer se acordo for descumprido
PAULO HENRIQUE BRAGA
de Londres
O Reino Unido deixa Hong Kong
com duas questões que ainda estão
sem resposta: 1) a China vai cumprir o acordo que permitiu a retomada do território?; 2) o que fazer
se isso não acontecer?
Por enquanto, membros da administração britânica têm tentado
manter o tom otimista.
O Reino Unido, segundo um ministro da chancelaria britânica,
quer que Hong Kong seja "uma
ponte, não uma barreira" para o
relacionamento com Pequim.
O governo britânico, apesar de
se comprometer a monitorar a situação dos direitos humanos e das
liberdades civis no território, diz
acreditar que a pressão mais efetiva deve vir não de nações isoladas,
como o próprio Reino Unido e os
EUA, mas da comunidade internacional como um todo.
A chancelaria britânica reluta em
discutir a possibilidade de violação
do acordo por Pequim. Os oficiais
preferem falar dos interesses comuns dos dois países, da perspectiva de cooperação nas áreas de comércio, controle de armas, meio
ambiente e das responsabilidades
comuns, como membros do Conselho de Segurança da ONU.
Declaração assinada em 1984,
fruto de negociações entre o líder
chinês Deng Xiaoping e a então
primeira-ministra, Margaret
Thatcher, prevê que a China não
altere as instituições políticas e judiciais de Hong Kong por pelo menos 50 anos.
Caso Pequim não cumpra o
acordo, porém, Londres não terá
muito a fazer, além de protestar.
"Não podemos fingir que vamos
bombardear a China. Não podemos enviar navios de guerra", diz
um oficial da chancelaria do Reino
Unido. O país terá de contar apenas com o temor chinês de que a
eventual supressão das liberdades
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ruim para o governo de Pequim.
O maior teste para o chineses deve vir no ano que vem, quando Pequim promete realizar eleições para substituir o Legislativo provisório (escolhido pela China) que assumiu hoje.
Segundo o chefe do Executivo de
Hong Kong, Tung Chee-hwa, o
pleito ocorrerá em maio.
Ao mesmo tempo, o governo
trabalhista britânico, mesmo com
cautela, chegou muito perto de dizer que o acordo de devolução poderia ter enfatizado mais a preservação das liberdades no território.
O primeiro-ministro Tony Blair
deve procurar se distanciar do
acordo assinado pelo governo
conservador caso a fórmula "um
país, dois sistemas" não dê certo.
O governo britânico também
procurou se distanciar nos últimos
dias da figura do ex-governador
Chris Patten, que teve inúmeros
confrontos com os chineses na
preparação para a entrega de HK.
Thatcher, por sua vez, afirma
não se arrepender dos termos da
declaração sino-britânica. Na época, não havia o precedente do massacre de Tiananmen (1989) para o
Reino Unido duvidar do cumprimento do acordo, argumenta.
A ex-primeira-ministra pediu
que a comunidade internacional
"dê uma chance à China". Ela lamentou, entretanto, o fato de, pela
primeira vez na história, o Reino
Unido entregar a administração de
uma colônia com o território passando a desfrutar de um ambiente
menos democrático do que o vivido sob domínio britânico.
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