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GEOPOLÍTICA
Países como Vietnã, Filipinas e Japão buscam reforçar laços com os EUA para combater a influência chinesa
Ascensão da China como potência causa
temores entre os vizinhos da região
do enviado especial
A China, ao recuperar Hong
Kong, evidencia a velocidade de
sua ascensão como potência e vai
ganhar mais peso político para expandir sua influência na região.
Seus vizinhos assistem com
preocupação a decolagem de um
país que, segundo analistas, alimenta o sonho de substituir os
EUA como principal potência na
região do oceano Pacífico.
O Japão, por exemplo, patrocina
atualmente uma revisão de seu tratado de defesa com os Estados
Unidos, assinado em 1978. Tóquio
busca reforçar laços militares com
a única superpotência do planeta.
O Japão já enviou diplomatas a
Pequim para explicar à China que
a revisão do tratado não representa uma medida calculada para enfrentar a ascensão chinesa.
O governo do presidente Jiang
Zemin não esconde sua suspeita de
que a iniciativa compõe uma estratégia para conter o aumento do peso político e econômico da China.
O fortalecimento da China desperta preocupações em outros países asiáticos que colecionam disputas territoriais com Pequim.
É o caso do Vietnã, que travou
uma guerra com seus vizinhos chineses em 1979, e das Filipinas, que
travam um braço-de-ferro com o
governo chinês pelo controle de
parte das ilhas Spratlys, localizadas no mar do Sul da China.
Vietnã e Filipinas buscam reforçar seus laços com os EUA. No caso vietnamita, a estratégia de aproximação é mais complicada, devido às cicatrizes deixadas pela guerra entre forças vietcongues e americanas, terminada só nos anos 70.
As Filipinas, ao contrário do
Vietnã, guardam neste século uma
história de alianças com os EUA.
Mas na década de 90, uma onda de
nacionalismo resultou na saída
das tropas americanas da base de
Subic Bay. As Filipinas, no entanto, discutem hoje a necessidade de
trazer novamente forças dos EUA
para o país. A presença de tropas
americanas representaria uma
mensagem a Pequim, no sentido
de reavaliar suas disputas territoriais com as Filipinas.
A ascensão da China provoca temores também em Myanma, governado desde 1988 por um regime
militar sob isolamento diplomático, capitaneado pelos EUA, no cenário internacional. A China representa um dos poucos aliados do
regime militar de Myanma. Os generais no poder torcem pelo fortalecimento do poder chinês.
A Coréia do Norte, um dos últimos regimes comunistas, também
tem na China um de seus raros
aliados. Mas o regime do dirigente
Kim Jong-il teme a pressão chinesa
para adotar reformas pró-capitalismo.
(JAIME SPITZCOVSKY)
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