São Paulo, terça, 1 de julho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GEOPOLÍTICA
Países como Vietnã, Filipinas e Japão buscam reforçar laços com os EUA para combater a influência chinesa
Ascensão da China como potência causa temores entre os vizinhos da região

do enviado especial

A China, ao recuperar Hong Kong, evidencia a velocidade de sua ascensão como potência e vai ganhar mais peso político para expandir sua influência na região.
Seus vizinhos assistem com preocupação a decolagem de um país que, segundo analistas, alimenta o sonho de substituir os EUA como principal potência na região do oceano Pacífico.
O Japão, por exemplo, patrocina atualmente uma revisão de seu tratado de defesa com os Estados Unidos, assinado em 1978. Tóquio busca reforçar laços militares com a única superpotência do planeta.
O Japão já enviou diplomatas a Pequim para explicar à China que a revisão do tratado não representa uma medida calculada para enfrentar a ascensão chinesa.
O governo do presidente Jiang Zemin não esconde sua suspeita de que a iniciativa compõe uma estratégia para conter o aumento do peso político e econômico da China.
O fortalecimento da China desperta preocupações em outros países asiáticos que colecionam disputas territoriais com Pequim.
É o caso do Vietnã, que travou uma guerra com seus vizinhos chineses em 1979, e das Filipinas, que travam um braço-de-ferro com o governo chinês pelo controle de parte das ilhas Spratlys, localizadas no mar do Sul da China.
Vietnã e Filipinas buscam reforçar seus laços com os EUA. No caso vietnamita, a estratégia de aproximação é mais complicada, devido às cicatrizes deixadas pela guerra entre forças vietcongues e americanas, terminada só nos anos 70.
As Filipinas, ao contrário do Vietnã, guardam neste século uma história de alianças com os EUA. Mas na década de 90, uma onda de nacionalismo resultou na saída das tropas americanas da base de Subic Bay. As Filipinas, no entanto, discutem hoje a necessidade de trazer novamente forças dos EUA para o país. A presença de tropas americanas representaria uma mensagem a Pequim, no sentido de reavaliar suas disputas territoriais com as Filipinas.
A ascensão da China provoca temores também em Myanma, governado desde 1988 por um regime militar sob isolamento diplomático, capitaneado pelos EUA, no cenário internacional. A China representa um dos poucos aliados do regime militar de Myanma. Os generais no poder torcem pelo fortalecimento do poder chinês.
A Coréia do Norte, um dos últimos regimes comunistas, também tem na China um de seus raros aliados. Mas o regime do dirigente Kim Jong-il teme a pressão chinesa para adotar reformas pró-capitalismo. (JAIME SPITZCOVSKY)




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.