São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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VENEZUELA

Catorze generais fazem parte do grupo, acusado de ter promovido uma rebelião contra o governo entre 2002 e 2003

Juíza manda prender 59 oficiais anti-Chávez

DA REDAÇÃO

Uma juíza venezuelana ordenou a captura de 59 dos 120 militares dissidentes que se aquartelaram durante um ano numa praça de Caracas, informaram ontem fontes oficiais. A decisão ocorre a duas semanas do plebiscito que pode afastar o presidente Hugo Chávez do poder e em meio a intensas trocas de acusação entre governistas e a oposição.
Os oficiais, entre eles 14 generais, são acusados de rebelião civil, instigação à rebelião e conspiração contra o governo. Vários desses generais estão envolvidos no frustrado golpe de abril de 2002, que afastou Chávez do poder por 48 horas.
O grupo tem ainda 24 coronéis, 12 tenentes e 2 capitães, entre outros. Todos haviam se aquartelado entre outubro de 2002 e outubro de 2003 na praça Altamira, numa zona residencial da capital.
Constam da lista os generais aposentados Enrique Medina, Néstor González e Felipe Rodríguez, que lideraram a dissidência e agora estão na clandestinidade após serem acusados pelo governo de ações conspiratórias.
Também estão com o mandado de prisão decretados o vice-almirante Héctor Ramírez Pérez e o general de aviação Pedro Pereira, que em 2002 tinham sido absolvidos pelo Supremo Tribunal de Justiça da acusação de incentivar um golpe de Estado, em decisão criticada pelo governo.
Ramírez Pérez havia sido nomeado ministro da Defesa do efêmero governo instalado no fracassado golpe de abril de 2002.
Em outubro de 2002, os militares tomaram a praça após se declararem em "desobediência legítima" e exortaram seus companheiros a desconhecer o governo "autocrático" de Chávez.
O advogado de defesa dos oficiais, Carlos Bastidas, afirma que eles não podem ser acusados de rebelião porque eles apenas haviam expressado sua opinião, sem se envolver em nenhuma conspiração contra o governo. "Uma rebelião requer planejamento e armas", disse.
O governo Chávez tem impulsionado uma série de medidas voltadas contra setores da oposição. Na mais criticada delas, parlamentares chavistas aprovaram uma reforma do Supremo que amplia o número de juízes em regras que favorecem amplamente o governo. A nova legislação também facilita o afastamento de juízes considerados antichavistas.
Já parte da oposição, sob o comando da coalizão Coordenação Democrática, conseguiu convocar um plebiscito que pode tirar Chávez do poder no próximo dia 15 de agosto. Recentes pesquisas de opinião mostram Chávez na frente, mas também uma grande margem de indecisos. Caso o presidente perca, novas eleições serão convocadas em 30 dias.
As últimas semanas de campanha têm sido marcadas por acusações pesadas entre governo e oposição. Enquanto chavistas denunciam um novo plano de golpe de Estado, oposicionistas acusam o Poder Eleitoral de manipular em favor do governo.
A oposição teve uma má notícia ontem: a morte do deputado Alejandro Armas, 65, cotado para assumir um eventual governo transitório caso Chávez perca. Ele teve uma parada respiratória.


Com agências internacionais


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