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DESAFIOS
Prioridade é acumular suprimentos em Dili (capital) no próximo final de semana, segundo ONU
Timor enfrenta falta de comida e transporte
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Darwin
Falta de comida e falta de transporte para a comida. Esses são os
dois desafios que a comunidade
internacional deverá enfrentar
nos próximos dias em Timor Leste, ex-colônia portuguesa, ocupada pela Indonésia desde 1975, e
que optou pela independência em
30 de agosto passado em referendo organizado pela ONU.
Para a ONU, a prioridade é acumular suficientes suprimentos
em Dili, capital do território, no
próximo final de semana.
O pessoal da ONU, cuja base de
operações fica em Darwin, norte
da Austrália, está voltando aos
poucos a Timor Leste. Uma força
militar internacional liderada pelos australianos assumiu o controle da região, após a destruição
generalizada causada pelos paramilitares a favor da continuidade
da ocupação indonésia.
Mas a tropa interventora nem
sempre consegue chegar a todos
os pontos vitais. Só ontem que um
comboio de alimentos com 29
veículos foi para Lospalos, no leste de Timor Leste, sob escolta.
O leste da ilha ainda é um campo de batalha entre os grupos pró-Indonésia e a guerrilha independendista. A guerrilha estima que
pelo menos 70 mil pessoas deverão procurar refúgio e alimento
em Dili nos próximos dias.
No longo prazo, teme-se que a
chegada em breve da estação chuvosa torne bem mais difícil o
abastecimento de regiões mais
afastadas de Dili, já que as estradas estarão em piores condições.
E também falta transporte. Segundo a ONU, a falta de caminhões é um dos maiores empecilhos à distribuição de alimentos e
remédios -"suprimentos humanitários"- à população timorense. A falta de caminhões também
afeta a distribuição de água, um
fator essencial para amenizar o
risco de transmissão de doenças.
Muitos desses caminhões foram
levados para o oeste da ilha de Timor, território indonésio onde
ainda há milhares de refugiados.
A política de terra arrasada adotada pelas milícias com apoio de
parte do Exército indonésio fez
com que não só a distribuição de
água e eletricidade fosse afetada,
mas também as acomodações.
Mais de metade das casas de Dili
foi destruída, e o percentual é ainda maior em outras cidades.
A força multinacional enviada
para Timor Leste ainda não controla efetivamente a maior parte
do território. Limita-se, em certas
áreas, a "reconhecimentos aéreos" - uma breve visita feita por
pessoal a bordo de helicópteros,
que nem sempre pousam.
Isso tende a limitar o raio de
ação da ajuda humanitária.
O contingente de 51 militares
brasileiros que irá a Timor Leste
termina amanhã seu período de
aclimatação, que incluiu esperar a
produção de imunidade após a
vacinação contra doenças típicas
da região, como a encefalite japonesa.
Os brasileiros ainda estão em
Townsville, nordeste da Austrália.
Na mesma base se encontra um
número semelhante de pára-quedistas italianos. Na noite de quarta, houve um jogo de futebol beneficente, com renda para Timor
Leste, entre os dois grupos. Os
brasileiros ganharam de 6 a 0.
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