São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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IRAQUE

Chefe dos inspetores Hans Blix diz esperar livre acesso em solo iraquiano; reunião serve para acertar detalhes práticos da missão

ONU e Bagdá negociam inspeções de armas

Jockel Finck/Associated Press
Representantes da ONU (à dir.) e do Iraque discutem os detalhes das inspeções de armas em Viena


DA REDAÇÃO

O chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, disse ontem esperar que suas equipes tenham acesso ilimitado a lugares suspeitos caso voltem a trabalhar no desarmamento dos arsenais de destruição em massa do Iraque.
Blix começou a discutir ontem com uma delegação iraquiana os detalhes práticos das novas inspeções, autorizadas pelo regime de Saddam Hussein como uma forma de eliminar a justificativa dos EUA para atacar o país.
O encontro -o primeiro do tipo desde 1998, quando Saddam acusou os inspetores de espionar para os EUA e os expulsou- foi na sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável pelo monitoramento do programa nuclear iraquiano.
De acordo com Blix, o diálogo em Viena partiria da premissa de que nenhum lugar no Iraque -nem mesmo os palácios presidenciais- estariam fora do alcance das inspeções da ONU.
"O propósito dessas conversas é que, se e quando as inspeções começarem, não tenhamos conflitos lá dentro", disse Blix, diretor da Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção).
Mohamed El Baradei, diretor da AIEA, afirmou: "Penso que estamos fazendo progresso, mas ainda há muito trabalho por ser feito". "Tentamos retomar as inspeções com o máximo de liberdade possível para ir a qualquer lugar a qualquer hora, sem limitações."
Representantes da ONU e do Iraque estão discutindo aspectos práticos como, por exemplo, onde ficarão acomodados os inspetores e como as amostras recolhidas serão levadas a laboratórios fora do Iraque para análise.
Após cerca de cinco horas de negociações ontem, Blix disse que os iraquianos estão cooperando. O diálogo continua hoje. Blix espera apresentar os resultados da conversa na quinta-feira ao Conselho de Segurança (CS) da ONU, onde EUA e Reino Unido articulam uma resolução com termos mais fortes, autorizando o uso da força caso Bagdá não colabore totalmente com as inspeções.
O Iraque rejeitou os termos desse novo projeto de resolução. "A questão dos inspetores já foi decidida e qualquer procedimento adicional com o objetivo de prejudicar o Iraque não será aceito", disse, no sábado, o vice-presidente Taha Yassin Ramadan.
Blix prevê a chegada dos inspetores a Bagdá por volta de 15 de outubro. Eles iniciariam suas operações duas semanas mais tarde.
O desarmamento dos arsenais de destruição em massa e mísseis iraquianos foi determinado pela ONU após a Guerra do Golfo (1991) como uma punição ao Iraque, que invadiu o Kuait em 1990, o que levou àquele conflito.
Entre 1991 e 1998, a Comissão Especial da ONU para o Desarmamento do Iraque visitou dezenas de localidades e destruiu grande quantidade de armas. Washington e Londres dizem que o país continua tentando fabricar uma bomba atômica e seria capaz de disparar mísseis com ogivas químicas e nucleares 45 minutos após dadas as ordens. Bagdá nega ter esses armamentos.

Com agências internacionais

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