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NY
Em livro, ex-prefeito conta como agiu durante o 11 de setembro
Giuliani revela que pediu a Bush para ser o carrasco de Bin Laden
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Dois dias após o 11 de setembro
de 2001, quando as agências de inteligência já não tinham dúvidas
de que o saudita Osama Bin Laden estivesse por trás da ação, o
então prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, fez um pedido
inusitado a George W. Bush.
Esgotado por ter visitado 30 vezes em 36 horas os escombros do
World Trade Center, Giuliani andava em estado de semichoque e
precisava desesperadamente dormir. Foi receber o presidente norte-americano no aeroporto JFK e,
no trajeto do Queens até o sul de
Manhattan, vendo seu rosto,
Bush perguntou se havia algo que
ele pudesse fazer pessoalmente
pelo prefeito para ajudá-lo.
"Sim", respondeu Giuliani, entre dentes, a um Bush atônito. "Se
você capturar esse cara, o Bin Laden, eu gostaria de ser o executor
dele." Essa é uma das revelações
de "Leadership", esperado livro
de Giuliani que será lançado hoje
nos EUA, no qual o ex-prefeito
conta sua versão sobre aquele dia.
Antes mesmo de começar a ser
negociado, o título já é o terceiro
entre os mais vendidos do endereço virtual Barnes & Noble
(www.bn.com) e o 11º na Amazon
(www.amazon.com). Só de
adiantamento o republicano levou US$ 3 milhões da Miramax,
dona da editora Hyperion.
O ex-procurador público Rudolph William Louis Giuliani 3º,
58, não acordou naquela manhã
de 11 de setembro em sua melhor
forma. A menos de quatro meses
do fim de seu segundo mandato,
o republicano contava os dias para deixar a prefeitura.
Um câncer na próstata o tirara
da corrida ao Senado. Além disso,
seu ruidoso processo de separação da atriz Donna Hannover era
o principal assunto dos ferozes tablóides nova-iorquinos.
Após implantar a política de
"tolerância zero" e baixar a criminalidade a índices dos anos 60,
Giuliani vinha sendo cada vez
mais criticado devido à ação de
sua polícia, acusada de racismo.
Até que o primeiro avião entrou
na primeira torre. Em horas, ao
assumir a liderança diante da crise, o roliço prefeito sibilante foi alçado à condição de herói nacional
e ganhou fama mundial. Os ingleses o compararam a Churchill, e
os franceses o chamaram de "o
prefeito de pedra".
Nas entrevistas que deu sobre o
livro, Giuliani declarou que mantém o que disse sobre a execução
de Bin Laden: "Acho que sou a escolha mais lógica, como representante dos nova-iorquinos".
Na opinião do republicano, as
396 páginas de "Leadership" devem funcionar como um guia sobre liderança para políticos, empresários e quem mais se interessar. Agora, ele se dedica ao segundo livro que deve para a Miramax,
uma autobiografia.
Além disso, continua dando palestras (US$ 100 mil cada uma) e
não descarta uma volta à política,
seja concorrendo de novo ao Senado, ao governo do Estado ou
mesmo à Presidência.
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