São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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NY

Em livro, ex-prefeito conta como agiu durante o 11 de setembro

Giuliani revela que pediu a Bush para ser o carrasco de Bin Laden

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Dois dias após o 11 de setembro de 2001, quando as agências de inteligência já não tinham dúvidas de que o saudita Osama Bin Laden estivesse por trás da ação, o então prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, fez um pedido inusitado a George W. Bush.
Esgotado por ter visitado 30 vezes em 36 horas os escombros do World Trade Center, Giuliani andava em estado de semichoque e precisava desesperadamente dormir. Foi receber o presidente norte-americano no aeroporto JFK e, no trajeto do Queens até o sul de Manhattan, vendo seu rosto, Bush perguntou se havia algo que ele pudesse fazer pessoalmente pelo prefeito para ajudá-lo.
"Sim", respondeu Giuliani, entre dentes, a um Bush atônito. "Se você capturar esse cara, o Bin Laden, eu gostaria de ser o executor dele." Essa é uma das revelações de "Leadership", esperado livro de Giuliani que será lançado hoje nos EUA, no qual o ex-prefeito conta sua versão sobre aquele dia.
Antes mesmo de começar a ser negociado, o título já é o terceiro entre os mais vendidos do endereço virtual Barnes & Noble (www.bn.com) e o 11º na Amazon (www.amazon.com). Só de adiantamento o republicano levou US$ 3 milhões da Miramax, dona da editora Hyperion.
O ex-procurador público Rudolph William Louis Giuliani 3º, 58, não acordou naquela manhã de 11 de setembro em sua melhor forma. A menos de quatro meses do fim de seu segundo mandato, o republicano contava os dias para deixar a prefeitura.
Um câncer na próstata o tirara da corrida ao Senado. Além disso, seu ruidoso processo de separação da atriz Donna Hannover era o principal assunto dos ferozes tablóides nova-iorquinos.
Após implantar a política de "tolerância zero" e baixar a criminalidade a índices dos anos 60, Giuliani vinha sendo cada vez mais criticado devido à ação de sua polícia, acusada de racismo.
Até que o primeiro avião entrou na primeira torre. Em horas, ao assumir a liderança diante da crise, o roliço prefeito sibilante foi alçado à condição de herói nacional e ganhou fama mundial. Os ingleses o compararam a Churchill, e os franceses o chamaram de "o prefeito de pedra".
Nas entrevistas que deu sobre o livro, Giuliani declarou que mantém o que disse sobre a execução de Bin Laden: "Acho que sou a escolha mais lógica, como representante dos nova-iorquinos".
Na opinião do republicano, as 396 páginas de "Leadership" devem funcionar como um guia sobre liderança para políticos, empresários e quem mais se interessar. Agora, ele se dedica ao segundo livro que deve para a Miramax, uma autobiografia.
Além disso, continua dando palestras (US$ 100 mil cada uma) e não descarta uma volta à política, seja concorrendo de novo ao Senado, ao governo do Estado ou mesmo à Presidência.


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