São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Novo carro-bomba contra xiitas em Hillah faz dez vítimas; 25 crianças morreram desde segunda-feira

Semana sangrenta no Iraque tem 198 mortos

DA REDAÇÃO

Insurgentes provavelmente sunitas explodiram ontem um carro-bomba na cidade xiita de Hillah, matando dez pessoas e ferindo 41. Com o atentado, chega a 102 o número de civis mortos no Iraque em menos de 48 horas.
Desde segunda-feira morreram ao menos 198 pessoas -das quais 25 crianças, pelos números da Associated Press. Foram também mortos 13 militares americanos.
O carro-bomba de Hillah, 95 km ao sul de Bagdá, explodiu às 9h30, hora local, numa feira livre montada nas proximidades do governo provincial.
Entre os mortos havia três mulheres e duas crianças, disse Mohammed Beirum, diretor do maior hospital da cidade.
"De um momento para o outro, escutei a explosão, vi uma bola de fogo subindo da feira e pedaços de frutas e carne humana voando para todos os lados", afirmou Jawad Khazim, 45, que estava a dois quarteirões de distância.
Refletindo a indignação de sua comunidade, disse não compreender a razão que leva os insurgentes a atacarem os xiitas, já que o mercado também é freqüentado por sunitas e cristãos.
Ainda ontem, a polícia capturou uma mulher-bomba que caminhava na direção de um mercado de roupas usadas, em Bagdá. A insurgência usou nesta semana pela primeira vez uma mulher para se explodir em atentado.
Anteontem à noite, um grupo armado cercou um comboio da polícia iraquiana na cidade de Basra, matando quatro policiais.
Com o carro-bomba de ontem em Hillah e os três de quinta-feira em Balad, onde morreram ao menos 76, analistas dizem acreditar no prosseguimento da tendência da insurgência sunita de matar o maior número de xiitas.
O objetivo é amedrontar e desestabilizar os xiitas, majoritários no país e no Legislativo eleito em janeiro deste ano. Os sunitas acusam seus rivais xiitas de serem os grande beneficiados pelo projeto de Constituição que será votado em plebiscito no próximo dia 15.
Os terroristas islâmicos da Al Qaeda aparentemente não têm um papel central nessa onda de atentados contra os xiitas. Ainda ontem, o grupo de Abu Musab al Zarqawi, representante dos integristas que atuam clandestinamente no Iraque, procuraram reivindicar os três carros-bomba da véspera em Balad.
Mas disseram, em comunicado pela internet, que as explosões ocorreram pela manhã, quando elas foram no início da noite, e que tiveram como alvo a polícia e a Guarda Nacional iraquianas, que não tinham instalações nas proximidades dos atentados.
Dirigentes da comunidade sunita moderada estão em campanha pelo plebiscito. Mas pregam a rejeição da Constituição, que dividiria o poder entre xiitas e curdos.

Força e democracia
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, defendeu o uso da força para fazer avançar a democracia e a liberdade, "as únicas garantias para uma verdadeira estabilidade e para uma segurança durável". Ela discursou ontem na Universidade de Princeton, onde também afirmou que "os princípios democráticos devem contar com o apoio de todas as formas de poder: o político, o econômico, o cultural e o moral".


Com agências internacionais

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