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Capacitação militar do Iraque gera divergência
DA REDAÇÃO
Uma controvérsia surgiu dentro do Pentágono sobre a capacidade das forças iraquianas de assegurarem de forma autônoma a
defesa do país. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse ontem que "a cada dia o contingente
militar no Iraque está maior, mais
experiente e mais capacitado".
Esse otimismo contrasta com o
diagnóstico feito na véspera pelo
comandante das forças americanas no Iraque, general George Casey. Ele afirmou em Washington,
em depoimento ante uma comissão do Senado, que um só batalhão iraquiano tinha condições de
combater sem a ajuda direta dos
militares americanos.
Em junho, o Pentágono afirmara que os batalhões com autonomia de combate eram três. O general Casey fornece agora uma visão bem pessimista sobre o resultado do esforço americano de dotar o país de uma estrutura sólida
de defesa, antes de iniciar a retirada de seus 149 mil militares.
Casey voltou atrás ontem. Em
frase dita ao lado de Rumsfeld,
seu superior hierárquico, disse
que "as forças iraquianas estão
progredindo e continuam a exercer tarefas cada vez mais importantes na defesa do país ao lado
das forças da coalizão" (formada
por militares dos EUA, 20 mil homens do Reino Unido e pequenos
contingentes de outras nações).
O general disse ainda, ao recuar,
que "dentro de um ano eu estarei
muito mais preocupado em saber
se restam batalhões iraquianos
ainda incapazes de combater com
a necessária autonomia".
O recuo de Casey, acreditam os
analistas, serviu muito mais para
reunificar as posições do Pentágono, sem que os deputados que
ouviram o depoimento do general anteontem tenham dúvidas de
que sua primeira declaração, mais
pessimista, estava bem mais próxima da realidade.
Tanto que outro general da cúpula militar americana, John Abizaid, comandante do Oriente Médio e nessa condição superior hierárquico de Casey, concordara
que apenas um dos 120 batalhões
do Exército e da polícia no Iraque
estava apto a combater sem o auxílio de soldados estrangeiros.
Anteontem, Casey foi inequívoco: "Reconhecemos plenamente
que as forças iraquianas não terão
autonomia de combate, sobretudo porque elas não dispõem de
um suporte institucional" (uma
burocracia estável, como a do
Pentágono, nos Estados Unidos).
Essa discussão coincide com a
passagem para a reserva do general Richard Myers, chefe do Estado-Maior americano e, nessa condição, o segundo homem na hierarquia militar, encabeçada pelo
secretário Rumsfeld, que é civil.
Myers atingiu 40 anos de serviço e transmitiu ontem o posto ao
general Peter Pace, em cerimônia
em Fort Myer, Estado da Virgínia.
Myers tem reiterado que os
EUA não devem se retirar de modo precipitado do Iraque. Caso isso ocorra, os americanos se tornarão "mais vulneráveis" em seus
interesses estratégicos.
Com agências internacionais
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