São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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Capacitação militar do Iraque gera divergência

DA REDAÇÃO

Uma controvérsia surgiu dentro do Pentágono sobre a capacidade das forças iraquianas de assegurarem de forma autônoma a defesa do país. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse ontem que "a cada dia o contingente militar no Iraque está maior, mais experiente e mais capacitado".
Esse otimismo contrasta com o diagnóstico feito na véspera pelo comandante das forças americanas no Iraque, general George Casey. Ele afirmou em Washington, em depoimento ante uma comissão do Senado, que um só batalhão iraquiano tinha condições de combater sem a ajuda direta dos militares americanos.
Em junho, o Pentágono afirmara que os batalhões com autonomia de combate eram três. O general Casey fornece agora uma visão bem pessimista sobre o resultado do esforço americano de dotar o país de uma estrutura sólida de defesa, antes de iniciar a retirada de seus 149 mil militares.
Casey voltou atrás ontem. Em frase dita ao lado de Rumsfeld, seu superior hierárquico, disse que "as forças iraquianas estão progredindo e continuam a exercer tarefas cada vez mais importantes na defesa do país ao lado das forças da coalizão" (formada por militares dos EUA, 20 mil homens do Reino Unido e pequenos contingentes de outras nações).
O general disse ainda, ao recuar, que "dentro de um ano eu estarei muito mais preocupado em saber se restam batalhões iraquianos ainda incapazes de combater com a necessária autonomia".
O recuo de Casey, acreditam os analistas, serviu muito mais para reunificar as posições do Pentágono, sem que os deputados que ouviram o depoimento do general anteontem tenham dúvidas de que sua primeira declaração, mais pessimista, estava bem mais próxima da realidade.
Tanto que outro general da cúpula militar americana, John Abizaid, comandante do Oriente Médio e nessa condição superior hierárquico de Casey, concordara que apenas um dos 120 batalhões do Exército e da polícia no Iraque estava apto a combater sem o auxílio de soldados estrangeiros.
Anteontem, Casey foi inequívoco: "Reconhecemos plenamente que as forças iraquianas não terão autonomia de combate, sobretudo porque elas não dispõem de um suporte institucional" (uma burocracia estável, como a do Pentágono, nos Estados Unidos).
Essa discussão coincide com a passagem para a reserva do general Richard Myers, chefe do Estado-Maior americano e, nessa condição, o segundo homem na hierarquia militar, encabeçada pelo secretário Rumsfeld, que é civil.
Myers atingiu 40 anos de serviço e transmitiu ontem o posto ao general Peter Pace, em cerimônia em Fort Myer, Estado da Virgínia.
Myers tem reiterado que os EUA não devem se retirar de modo precipitado do Iraque. Caso isso ocorra, os americanos se tornarão "mais vulneráveis" em seus interesses estratégicos.


Com agências internacionais

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