São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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AMORES BRUTOS

Recruta diz que o amante era "cavalheiro"

Pivô da tortura em prisão culpa paixão

ADAM TANNER
DA REUTERS

Lynndie England, 22, pára e pensa em como se tornou o símbolo dos abusos dos EUA na prisão iraquiana de Abu Ghraib. Um sorriso cheio de dor brilha no rosto da jovem, famosa por aparecer em uma fotografia puxando um prisioneiro iraquiano, nu, por uma coleira.
A entrevista foi feita antes de sua condenação, ocorrida na terça, a três anos de prisão. Ela põe a culpa por seus atos em sua paixão por Charles Graner Jr., 37, comandante dos abusos e pai de Carter, 11 meses, fruto do casal. Graner, cumprindo pena de dez anos, assumiu que lhe pediu que segurasse a coleira.
Meses antes, England recebera ordens superiores para encerrar o namoro. Graner encantou a jovem, que havia se casado e separado havia menos de um ano, antes de a tropa ser mandada para o Iraque. "Ele sempre agia como cavalheiro, abrindo portas e puxando cadeiras."
England, nascida no Estado de Kentucky, disse que Graner punha música regional para atraí-la para seus aposentos.
A tropa viajou em 2003, e ela tinha um trabalho administrativo na prisão, mas visitava o namorada nas áreas restritas. Os prisioneiros, segundo ela, freqüentemente estavam nus e gritavam, sofrendo tortura. "Ainda tenho pesadelos com os gritos."
Sobre as fotos que devem ficar nos livros de história, ela comenta: "Não sou eu. Acho que o serviço muda a pessoa", disse depois de uma longa pausa.


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