DA REDAÇÃO

A Casa Branca classificou ontem de "inapropriados" os comentários do ex-secretário de Educação William Bennett, de que abortos em gestações de negros reduziria a taxa de crimes.
Bennett, comentarista de rádio conservador, deu as declarações em seu programa "Manhã na América" da última quarta-feira. "Sei que é verdade que se você quiser reduzir o crime, poderia, se esse fosse seu único objetivo, abortar todo feto negro deste país, e os crimes iriam diminuir", disse, na ocasião. E acrescentou: "Seria uma coisa impossível, ridícula e moralmente repreensível, mas a taxa de criminalidade cairia".
Questionado sobre a reação do presidente dos EUA, George W. Bush, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse: "O presidente acredita que os comentários não foram apropriados".
Bennett teve cargos de primeiro escalão nas administrações dos também republicanos George Bush e Ronald Reagan, tendo sido secretário de Educação e chefe das políticas contra drogas.
Frank Lautenberg, senador democrata de Nova Jersey, disse que a resposta de Bush não foi forte.
"Não apropriado é usar sapato branco após o Dia do Trabalho [último feriado do verão dos EUA]. Esses comentários foram repreensíveis e racistas", disse Lautenberg, que disse que apresentará uma resolução ao Senado condenando os comentários.
Bennett, autor de obra sobre moralidade chamada "O Livro das Virtudes", gerou controvérsia há dois anos, quando se revelou que perdera milhões no jogo.
Howard Dean, chefe do Comitê Nacional Democrata, disse que os comentários foram "cheios de ódio" e perguntou se representavam os valores dos republicanos.
Ken Mehlman, chefe do Comitê Nacional Republicano, vem tentando alcançar os negros.
A criticada reação federal ao furacão Katrina atrasou esse esforço. Muitos moradores pobres e negros sofreram na alagada Nova Orleans porque não tinham meios de se retirar da cidade.
Mehlman acusou os democratas de "hipocrisia" e de tentar atrair minorias dizendo que a demora tinha a ver com raça.
Ontem, Bennett alegou ter sido "hipotético". "É repreensível sugerir o aborto de todo um grupo."