São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Bloco pró-Ocidente lidera na Ucrânia

Se resultado se confirmar, Yulia Tymoshenko voltará ao cargo de primeira-ministra da Ucrânia, que ocupou em 2005

Após Revolução Laranja, país mergulhou em crise política; ex-premiê defende laço com Ocidente, e Rússia diz que trabalhará com Kiev

DA REDAÇÃO

Pesquisas de boca-de-urna indicam que o bloco pró-Ocidente formado pelos partidos do presidente Viktor Yushchenko e da ex-premiê Yulia Tymoshenko deve vencer por luma pequena margem as eleições parlamentares de ontem na Ucrânia. Combinados seus resultados, os líderes da Revolução Laranja devem arrebatar em torno de 45% dos votos.
Os dados foram divulgados depois do fechamento dos colégios eleitorais, às 22h (16h no horário de Brasília).
As mesmas pesquisas mostram ainda que Viktor Yanukovich -o atual premiê, mais alinhado a Moscou- ficou com 35,5% dos votos.
Confirmados os resultados, seu Partido das Regiões deve ser o que mais votos conseguiu. Entretanto o percentual não é suficiente para se impôr sobre uma provável coalizão entre seus antigos adversários na Revolução Laranja. Tymoshenko teria obtido cerca de 31,5% dos votos, e Yushchenko, 13,5%.
Os dois líderes pró-Ocidente fecharam um acordo pouco antes da votação, depois que Yushchenko procureou a líder que ele demitiu do cargo de premiê em 2005 -dando início à crise política na qual até agora o país está mergulhado- para formar uma coalizão contra Yanukovich.
Foi a eleição do atual premiê para a Presidência, em 2004, o estopim para as manifestações populares que tomaram as ruas do país naquele mesmo ano. A votação foi considerada fraudulenta e, em meio à onda de protestos que ficou conhecida como Revolução Laranja, a Suprema Corte anulou os resultados e marcou um novo segundo turno. Desta vez, Yushchenko venceu e nomeu Tymoshenko sua premiê. Mas a erosão dessa coalizão acabou por fragilizar o governo, fazendo com que a premiê fosse demitida e os poderes do presidente, limitados.
Agora, a carismática Tymoshenko, à frente do bloco político que leva seu nome, deve se tornar mais uma vez premiê, dando início a um novo ciclo de relações com a União Européia.
"Acredito que ninguém possa diminuir a vitória conquistada pela Ucrânia. Tudo vai dar certo. Em uma questão de semanas, daremos nossa primeira coletiva de imprensa no governo", disse Tymoshenko a jornalistas após a divulgação das pesquisas. O maior trabalho dos dois líderes a princípio, no entanto, deve ser "para consolidar as relações dentro de seu próprio bloco e evitar as turbulências dos últimos dois anos.

Participação alta
A votação de ontem -a terceira em nível nacional em três anos- foi convocada em razão da dissolução do Parlamento, há seis meses, por Yushchenko. Apesar de a população estar descontente com a crise política no país, na maioria dos distritos a participação dos eleitores foi alta, superando os 50%. Segundo a Comissão Eleitoral Central, o comparecimento foi, em média, de 57,3% em 163 dos 225 distritos existentes.
Trinta e sete milhões de ucranianos poderiam votar ontem no novo Parlamento, que tem 450 cadeiras. Embora haja 20 partidos na disputa, apenas três conseguirão atingir os 3% exigidos para entrar no Parlamento.

Rússia
Segundo declarou o embaixador russo na Ucrânia, Viktor Chernomirdin, à agência de notícias France Press, a Rússia está disposta a cooperar com o novo governo. A declaração foi feita após as urnas fecharem.
Ao ser questionado se a Rússia estaria disposta a cooperar com um governo dirigido por Yulia Timoshenko, líder da "Revolução Laranja" e favorável à aproximação com o Ocidente, Chernomirdin disse: "Naturalmente, (trabalharemos) com qualquer governo".


Com agências internacionais


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