São Paulo, quinta, 1 de outubro de 1998

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AMEAÇA NOS BÁLCÃS
Conselho de Segurança da ONU deve se reunir para discutir morte de civis; Otan prepara intervenção
Massacres podem levar a ação em Kosovo

Reuters
Albaneses carregam corpo de homem vítima de massacre em Kosovo


ISABEL CLEMENTE
de Londres

O governo britânico pediu que o Conselho de Segurança da ONU se reúna para discutir os recentes relatos de atrocidades cometidas contra civis de origem albanesa na Província separatista de Kosovo (que faz parte da Iugoslávia).
Ontem, denúncias de um novo massacre (um havia sido relatado anteontem) elevaram para cerca de 30 o número de vítimas de origem albanesa, incluindo mulheres e crianças, em ataques que teriam ocorrido no último sábado.
Segundo Jeremy Greenstock, embaixador britânico junto à ONU, que passa a presidir o Conselho de Segurança por um mês, na reunião, que deve ocorrer hoje, serão discutidas "medidas a serem tomadas sobre Kosovo".
A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, expressou por telefone seu apoio ao encontro.
O conselho aprovou na semana passada resolução que prevê "ações adicionais" caso o governo iugoslavo não ponha fim aos recentes ataques e abra negociações para resolver a crise na região.
A Otan (organização militar ocidental) mantém tropas estacionadas na região e pode lançar um ataque a qualquer momento.
Ontem, diversos líderes mundiais expressaram seu horror frente às notícias recentes.
Robin Cook, chanceler britânico, afirmou que o ataque "foi um plano frio de assassinato".
Segundo informações, famílias de origem albanesa, etnia majoritária em Kosovo, foram atraídas para fora de seus esconderijos em uma floresta por pessoas falando albanês e então foram assassinadas. Alguns dos corpos apresentavam sinais de mutilação.
"Não pode haver justificativas para tal ação", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Itália em comunicado. Segundo o chanceler canadense, Lloyd Axworthy, a violência em Kosovo não pode mais ser permitida.
O ataque foi atribuído a tropas sérvias, a etnia que compõe a maior parte da população da Iugoslávia. O governo do presidente Slobodan Milosevic vem negando seu envolvimento em ações violentas cometidas contra civis.
"Não há guerrilhas na área referida (Kosovo), nem em qualquer outra Província sérvia", disse o ministro iugoslavo das Relações Exteriores, Vladislav Jovanic.
Neste ano, mais de 300 pessoas já morreram nos conflitos na Província separatista, e outras 250 mil foram expulsas de suas casas.



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