São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2000

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VIZINHO EM CRISE
Ao menos 40 militares já se entregaram
Oficial rebelado quer "diálogo com dignidade" com governo peruano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O tenente-coronel Ollanta Humala Tasso, à frente de apenas sete homens, permanecia ontem encurralado pelo Exército na região andina no sul do Peru. Ele disse que assume a responsabilidade pela sublevação e que está disposto a aceitar um "diálogo com dignidade" com o governo.
"Estou bem, vou assumir o custo e espero que não haja derramamento de sangue", declarou Humala Tasso, 38, que se sublevou no último domingo contra o presidente Alberto Fujimori.
Cerca de 40 homens que o acompanhavam e que desistiram de seguir sob seu comando chegaram a bordo de helicópteros ontem ao aeroporto de Moquegua, 1.100 km ao sul de Lima, em meio a medidas especiais de segurança.
Depois de reconhecer que sofreu deserções, Humala afirmou que "a verdade não passou para o outro lado". O grupo de oito rebelados foge de cerca de 400 soldados das forças leais a Fujimori, mas sua captura seria iminente, segundo o governo.
Em ligação telefônica à rede Panamericana TV Canal 5, o tenente-coronel afirmou que outros militares poderiam participar da sublevação. "Não perco a esperança, há comandantes que me ofereceram seu apoio", disse Humala. Ele acrescentou, no entanto, que, "do falar ao agir, há uma longa distância".
Na declaração em que expôs os motivos do levante, Humala Tasso disse que desconhecia a autoridade de Fujimori e pedia a prisão e o julgamento de Vladimiro Montesinos, ex-chefe informal do serviço secreto. Ele também criticou as mudanças nos postos de comando das Forças Armadas feitas por Fujimori no sábado.
Foram substituídos o comandante-geral do Exército e das Forças Armadas, general José Villanueva, pelo general Walter Chacón Málaga; o comandante da Marinha, Antonio Ibárcena, pelo contra-almirante Victor Ramos; e o comandante da Força Aérea, Elesván Bello, pelo general Carlos Balarezo.
As mudanças foram vistas como uma tentativa de Fujimori de mostrar autoridade sobre as Forças Armadas e distanciamento de seu ex-assessor Montesinos. Na semana passada, Montesinos retornou ao Peru após quase um mês no Panamá, onde buscava asilo político, causando rumores de um golpe de Estado.


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