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ACIDENTE
Embarcação italiana que transportava cerca de 6.000 toneladas de produtos tóxicos naufraga no canal da Mancha
Navio com carga química afunda na França
CLAUDIA ASSEF
DE PARIS
O cargueiro italiano Ievoli Sun,
com cerca de 6.000 toneladas de
produtos químicos, afundou na
manhã de ontem no canal da
Mancha.
Os 14 tripulantes foram resgatados horas antes de o navio afundar. O acidente ocorreu a cerca de
20 km da ilha de Aurigny, no litoral noroeste da França.
Segundo comunicado do Ministério do Meio Ambiente francês, o navio carregava 4.000 toneladas de estireno, 1.000 toneladas
de propanol e outras 1.000 toneladas de metil-etil-cetona, que seriam usadas pelos companhias
petrolíferas Shell e Exxon Mobil.
O cargueiro partiu de Fawley, na
Inglaterra, em direção ao porto de
Bar, na Iugoslávia, quando foi
atingido por uma tempestade, domingo à noite.
O navio chegou a ser rebocado
até as proximidades do porto de
Cherbourg, na França, mas o capitão decidiu seguir viagem, apesar do mau tempo.
Ao longo do dia de ontem, nem
governo nem ambientalistas conseguiram concluir se, de fato, a
contaminação do mar havia se
consumado.
"O problema é que estamos lidando com o estireno, que é uma
substância insolúvel na água, altamente tóxica e explosiva, mas que
não pode ser identificada visualmente, porque é incolor", disse à
Folha a porta-voz do Partido Verde francês, Marise Arditi.
O partido foi um dos primeiros
a cobrar medidas de segurança
mais assertivas do governo depois
do acidente com o petroleiro Erika -que causou o derramamento de mais de 10 mil toneladas de
petróleo na costa oeste da França,
em dezembro de 99.
Segundo Arditi, do ano passado
para cá nada foi feito. "De quantos acidentes como esses vamos
precisar para que sejam feitas as
mudanças necessárias na segurança dos portos?"
"Máxima urgência"
A organização ambientalista
Greenpeace acha que o governo
francês não está se empenhando.
Seus militantes reclamam da falta
de controle durante a verificação
dos navios de carga que circulam
pelo canal da Mancha.
O governo, por sua vez, tenta
mostrar que não vai ficar de braços cruzados. Poucas horas depois do acidente, a ministra do
Meio Ambiente, Dominique Voynet, e o ministro dos Transportes,
Jean-Claude Gayssot, já estavam
na cidade de Cherbourg, próxima
do local do naufrágio.
Os dois passaram o dia reunidos
com autoridades locais.
O presidente Jacques Chirac,
por meio de sua porta-voz, disse
ter enviado carta pessoal à presidente do Parlamento Europeu,
Nicole Fontaine, e ao presidente
da Comissão Européia, Romano
Prodi, pedindo que novas medidas de segurança nos mares da
Europa sejam tomadas "com a
máxima urgência".
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