São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2000

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ACIDENTE
Embarcação italiana que transportava cerca de 6.000 toneladas de produtos tóxicos naufraga no canal da Mancha
Navio com carga química afunda na França

CLAUDIA ASSEF
DE PARIS

O cargueiro italiano Ievoli Sun, com cerca de 6.000 toneladas de produtos químicos, afundou na manhã de ontem no canal da Mancha.
Os 14 tripulantes foram resgatados horas antes de o navio afundar. O acidente ocorreu a cerca de 20 km da ilha de Aurigny, no litoral noroeste da França.
Segundo comunicado do Ministério do Meio Ambiente francês, o navio carregava 4.000 toneladas de estireno, 1.000 toneladas de propanol e outras 1.000 toneladas de metil-etil-cetona, que seriam usadas pelos companhias petrolíferas Shell e Exxon Mobil.
O cargueiro partiu de Fawley, na Inglaterra, em direção ao porto de Bar, na Iugoslávia, quando foi atingido por uma tempestade, domingo à noite.
O navio chegou a ser rebocado até as proximidades do porto de Cherbourg, na França, mas o capitão decidiu seguir viagem, apesar do mau tempo.
Ao longo do dia de ontem, nem governo nem ambientalistas conseguiram concluir se, de fato, a contaminação do mar havia se consumado.
"O problema é que estamos lidando com o estireno, que é uma substância insolúvel na água, altamente tóxica e explosiva, mas que não pode ser identificada visualmente, porque é incolor", disse à Folha a porta-voz do Partido Verde francês, Marise Arditi.
O partido foi um dos primeiros a cobrar medidas de segurança mais assertivas do governo depois do acidente com o petroleiro Erika -que causou o derramamento de mais de 10 mil toneladas de petróleo na costa oeste da França, em dezembro de 99.
Segundo Arditi, do ano passado para cá nada foi feito. "De quantos acidentes como esses vamos precisar para que sejam feitas as mudanças necessárias na segurança dos portos?"

"Máxima urgência"
A organização ambientalista Greenpeace acha que o governo francês não está se empenhando. Seus militantes reclamam da falta de controle durante a verificação dos navios de carga que circulam pelo canal da Mancha.
O governo, por sua vez, tenta mostrar que não vai ficar de braços cruzados. Poucas horas depois do acidente, a ministra do Meio Ambiente, Dominique Voynet, e o ministro dos Transportes, Jean-Claude Gayssot, já estavam na cidade de Cherbourg, próxima do local do naufrágio.
Os dois passaram o dia reunidos com autoridades locais.
O presidente Jacques Chirac, por meio de sua porta-voz, disse ter enviado carta pessoal à presidente do Parlamento Europeu, Nicole Fontaine, e ao presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, pedindo que novas medidas de segurança nos mares da Europa sejam tomadas "com a máxima urgência".


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