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Voto feminino pode ser o fator decisivo no pleito
DE NOVA YORK
Há uma boa chance de a eleição
americana ser decidida pelo voto
das mulheres.
Elas são a maioria do eleitorado,
guiam sua decisão pelas questões
econômicas e costumavam preferir os candidatos democratas.
Neste ano, no entanto, esse quadro mudou, e George W. Bush e
John Kerry estão disputando o
grupo voto a voto.
"As mulheres estão com medo
de que Kerry não seja forte o suficiente", resume Ethel Klein, estrategista política, analista e autora
de "Gender Politics" (a política
dos sexos). Para ela, essa é a principal razão de o eleitorado feminino estar mais dividido agora.
Uma pesquisa com 2.412 eleitores registrados divulgada há dois
dias pelo "Washington Post"
mostra que, entre as mulheres,
52% preferem Kerry, e 46%, Bush
-entre os homens, Bush tem
50% dos votos, e Kerry, 47%.
Mas o quadro muda se levados
em conta apenas os eleitores prováveis. Um levantamento com
1.206 membros desse grupo divulgado quinta pela Zogby mostra que, das mulheres, 46,9% preferem Bush e 45,5%, Kerry. Em
ambos os casos, a margem de erro
é de três pontos percentuais em
ambas as direções.
"Nunca vi nada parecido com
esses números", diz Klein, que estuda há anos o chamado "gender
gap" -a diferença entre o voto
feminino e o masculino que,
eventualmente, decide a eleição.
Segundo a analista, as mulheres
não se decidem com base nos valores morais defendidos por cada
candidato -mesmo quando se
importam com eles. Mais tolerantes, elas não estão tão imersas na
guerra cultural que tomou os Estados Unidos como os homens.
Esse comportamento permanece
como era em outras eleições.
O que mudou foi outra coisa.
Tradicionalmente mais preocupadas com a economia e com o
caráter do candidato, elas agora
priorizam a segurança.
Sob esse aspecto, o discurso de
Bush produziu dois efeitos. Enquanto os homens absorvem com
maior facilidade a retórica da
guerra ao terror, as mulheres se
dividem entre as que reagem com
medo -e aceitam o discurso do
presidente- e as que reagem
com raiva -e o rejeitam.
O primeiro grupo anda bastante
em voga nas análises eleitorais:
são as "security moms", as mulheres com filhos em idade escolar
para as quais a segurança -seja a
sua, a de sua família ou a do
país- está acima de tudo, e as
quais pesquisadores apontam como causa da possível reversão na
tendência de voto feminino.
Não fosse isso, a maioria delas
tenderia a votar em Kerry, diz
Klein. Isso ocorre por causa das
propostas econômicas -as do
democrata atraem mais os que
têm menor segurança financeira.
E, nesse grupo, novamente, as
mulheres predominam -sobretudo as solteiras.
"Elas também são maioria entre
os mais pobres. E agora, diferentemente do que no passado,
quando eram poupadas por ganharem menos, estão sofrendo
com as demissões tanto quanto os
homens", afirma Klein.
É esse cabo-de-guerra que persistirá nesses últimos dias da disputa, e é nisso que os candidatos,
se quiserem conquistar o voto feminino, devem investir.
"Se eu fosse estrategista do
Kerry, eu focaria só a economia.
Diria que a eleição pode estar centrada na segurança, mas que o
que realmente importa é que você
não tem dinheiro para pagar sua
hipoteca, o seu seguro-saúde não
cobre mais seus filhos, seu marido
foi demitido", afirma Klein. E se
fosse Bush? "Continuaria fazendo
o mesmo. Repetindo sem parar
que Kerry não é apto para ser um
comandante-em-chefe."
(LC)
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