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Presidente do Congo aceita participar de cúpula pela paz
Joseph Kabila se reunirá com dirigente de Ruanda, suspeito de apoiar rebeldes
Chanceleres do Reino Unido e da França vão ao Congo para tentar conter conflito e evitar acirramento da crise regional; ONU está acuada
DA REDAÇÃO
Os presidentes da República
Democrática do Congo, Joseph
Kabila, e de Ruanda, Paul Kagame, aceitaram participar de cúpula sobre a paz no Congo, onde conflitos põem em risco a segurança regional. Articular um
diálogo entre os chefes de Estado, que trocam acusações sobre
apoio a milícias, era uma das
principais metas dos chanceleres da França, Bernard Kouchner, e do Reino Unido, David
Miliband, que embarcaram ontem para Kinshasa.
Segundo a proposta européia, a cúpula, promovida pela
ONU, reuniria o Congo, a
União Européia e os vizinhos
Ruanda, Uganda e Burundi
-que invadiram o Congo durante a guerra civil, têm laços
com os tutsis congoleses (menos de 1% da população) e interesse nas minas do país.
As tropas da ONU, que mantém no Congo a maior missão
de paz em atuação no mundo,
não resistiriam a um ataque
dos rebeldes tutsis liderados
por Laurent Nkunda a Goma,
principal cidade do leste do
país. Os insurgentes tomaram a
maior parte do Kivu do Norte e
cercam a capital regional, abandonada pelo Exército.
"O que está acontecendo é
um massacre como provavelmente nunca ocorreu na África,
com mais de um milhão de refugiados, ataques precisos, mutilações sexuais. Temos de evitar que isso ocorra", disse
Kouchner antes do embarque.
O controle do rico subsolo
congolês é um ponto crucial do
confronto. Nkunda se opõe ao
acordo bilionário entre Kabila
e a China, que prevê a construção de obras de infra-estrutura
em troca de cobre e cobalto. O
rebelde também acusa o governo de acobertar milícias hutus
que atacam tutsis.
Tutsis e hutus, etnias minoritárias, se enfrentam no leste do
país desde 1994, quando a região recebeu milhares de refugiados hutus. Derrotados na
guerra civil de Ruanda, eles temiam retaliações pelo genocídio contra tutsis, executado por
radicais hutus, algozes também
de moderados de mesma etnia.
O influxo maciço de refugiados intensificou disputas por
recursos. Em 1998, após a queda de Joseph Mobutu, ditador
da ex-colônia belga por 32 anos,
o Congo sucumbiu à guerra civil, que matou 5,4 milhões.
A ascensão do governo de
transição e a retirada estrangeira aplacaram as batalhas em
2003, mas a presença da ONU
não garantiu estabilidade. A vitória de Kabila nas eleições de
2006 alternou o equilíbrio de
poder entre antigos senhores
da guerra, fazendo Nkunda
romper com o governo.
Incapazes de manter a paz,
os 16.475 capacetes azuis têm a
missão de isolar o conflito. A
presença da ONU é, acima de
tudo, uma declaração política.
Ruanda não pode intervir.
Com agências internacionais
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