São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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PLEITO LEGISLATIVO
Na terça, americanos renovam a maior parte do Congresso; processo de impeachment é retomado na quarta
Eleição nos EUA decide o futuro de Clinton

MARCELO DIEGO
de Nova York

As eleições gerais nos Estados Unidos, que acontecem na próxima terça-feira, podem virar um plebiscito sobre o futuro político do presidente Bill Clinton.
Os cerca de 182 milhões de norte-americanos aptos a votar irão escolher todos os 435 novos representantes (deputados) da Câmara, 34 senadores (de um total de 100) e 36 novos governadores (de 50).
São os representantes e os senadores que decidirão sobre a manutenção de Clinton no cargo ou, no mínimo, sobre a governabilidade nos seus dois últimos anos de mandato. Um dia depois da eleição começam as audiências públicas no processo de impeachment movido contra Clinton.
O presidente teve, segundo suas próprias palavras, uma relação não apropriada com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Segundo inquérito preparado pelo promotor independente Kenneth Starr, Clinton cometeu 15 crimes ao tentar esconder o fato. Entre as acusações imputadas a ele estão falso testemunho, constrangimento ilegal de testemunhas e obstrução da justiça.
A Comissão de Justiça da Câmara, a partir de quarta-feira, começa a ouvir os depoimentos de diversas pessoas envolvidas no caso.
Ao final das audiências, que não têm prazo para terminar, a Comissão vota o pedido de impeachment que então é submetido ao plenário da Câmara. A decisão então é encaminhada ao Senado. O presidente só é afastado se dois terços dos senadores votarem a favor do impeachment.
Hoje, a Câmara é dominada pelos republicanos, com 227 cadeiras. Os democratas têm 206. Há uma cadeira vaga e outra ocupada por um político independente.
Nos EUA, o voto é distrital e não-obrigatório. Pelo perfil das eleições passadas, em pleitos não-presidenciais, o perfil típico de quem se dispõe a votar é o de um homem idoso, conservador e de cor branca. Essa é também a descrição do eleitor republicano médio.
A saturação pública do caso Lewinsky, porém, pode levar os democratas a participarem mais ativamente das eleições.
Exatamente com medo dessa reação é que os republicanos praticamente não citaram o escândalo na campanha. As primeiras propagandas alusivas ao caso foram ao ar apenas na última semana.
Segundo pesquisa do jornal "USA Today", que será publicada hoje, a composição da Câmara e do Senado deve ficar estável.
Essa é uma boa notícia para os democratas. Os republicanos esperavam aumentar em dez cadeiras sua bancada na Câmara. Desejavam também eleger três senadores a mais. Se o processo de impeachment chegar ao Senado, os republicanos vão precisar de 67 votos para aprová-lo. Hoje, têm 55.



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